Governador do MS diz que Funai vai negociar com guaranis a desocupação das terras

14/01/2004 - 20h45

Ana Paula Marra e Nelson Motta
Repórteres da Agência Brasil

Brasília, - O presidente da Fundação Nacional do Índio, Mércio Pereira Gomes, irá na próxima sexta-feira ao Mato Grosso do Sul para negociar a desocupação das fazendas por parte dos guaranis. "A ida do presidente da Funai ao estado é para buscar uma resolução pacífica do conflito de terras entre índios e fazendeiros", explicou o governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, que veio a Brasília tratar da questão com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Zeca do PT, desde o final do ano passado, a área total invadida chega a 1.250 hectares. Cerca de 2,5 mil índios estão envolvidos no conflito. Desse total, 800 vieram do Paraguai. Os índios-guaranis reivindicam ampliação e demarcação das terras no estado.

Ontem, relatou Zeca do PT, houve tiroteio entre índios e fazendeiros. Não houve morte na região. Sobre a ida do presidente da Funai ao Mato Grosso do Sul, o governador explicou que é uma saída emergencial para o conflito." O objetivo é retirar os índios das terras ocupadas o mais rápido possível e sem usar da violência," explicou. Ele reforçou, inclusive, que há decisão judicial determinando a devolução de terras aos proprietários.

Num segundo momento, Zeca do PT anunciou que será formado um grupo de trabalho para buscar soluções definitivas para os impasses rurais no estado. Os representantes serão integrantes da Funai, da Assembléia Legislativa, do Congresso Nacional, dos governos estadual e federal e produtores. A expectativa é de que dentro de 60 dias o grupo elabore propostas concretas para solucionar o problema.

"É preciso definitivamente que estas questões não sejam mais tratadas em função da crise momentânea. Precisamos encontrar soluções definitivas para o confronto indígena no país", defendeu Zeca do PT. Ressaltou que todas as medidas estão sendo tomadas para que os conflitos no estado não tomem a dimensão dos de Roraima.