Reunião longa no Planalto discute iniciativas para gerar emprego e renda

07/01/2004 - 20h23

Brasília, 7/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - Numa reunião que começou às 10 horas e entrou pela noite, a Câmara de Política Econômica avaliou, hoje, uma série de medidas que serão implementadas em 2004 para fomentar a geração de emprego e renda. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que setores como habitação e saneamento básico terão atenção especial, uma vez que "vivem dificuldades efetivas".

Nesse sentido, estão em estudos alternativas de investimentos em saneamento básico tanto pelo setor público, quanto privado. Quanto ao setor de habitação, Palocci disse que são necessárias medidas para melhorar o mercado imobiliário, hoje "restrito". Alguns projetos já estão no Congresso e outros em estudo pelos técnicos do Ministério da Fazenda, principalmente no que concerne a ampliação do crédito. O governo federal pretende investir ainda na construção de imóveis para a população de baixa renda, outro forte indutor de geração de empregos, afirmou o ministro.

Na reunião, que contou com a participação de dez ministros, além do presidente do Banco Central, Henrique Meireles, foram traçadas perspectivas de geração de empregos diante do desempenho da economia. O agronegócio, por exemplo, poderá abrir 1,3 milhão de novos postos de trabalho, caso confirmem-se as projeções feitas de crescimento da safra de 122 milhões de toneladas de grãos para 129 milhões de toneladas. "As perspectivas do agronegócio são extraordinárias", avaliou Palocci.

O ministro ressaltou que o governo não trabalhará com metas de geração de empregos, mas com projetos factíveis. Outro setor que o governo acredita ser um forte indutor de empregos, em 2004, é o da exportação. Na reunião, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, reafirmou o objetivo das vendas brasileiras atingirem US$ 80 bilhões até dezembro. Em 2003, as exportações atingiram o recorde de US$ 73 bilhões.

Câmbio

Palocci salientou que a decisão tomada pelo Banco Central nesta terça-feira, de comprar dólares no mercado, tem a única intenção de recompor as divisas brasileiras. "Estamos convictos de que o câmbio flutuante fez bem ao Brasil", acrescentou o ministro. Os números da economia, destacou, mostram que não há uma perda de competitividade do Real frente a outras moedas estrangeiras. Ao contrário, Palocci ressaltou que as exportações cresceram 21% em 2003, juros de mercado estão em queda e a Bolsa de Valores "numa situação bastante favorável. A taxa do risco Brasil já beira os 400 pontos, quando chegou a 2.400 pontos no final de 2002.

"Devemos melhorar a produtividade, conquistar novos mercados e avançar nos fóruns internacionais do comércio" como forma de garantir o crescimento das exportações e não mexer na política cambial, afirmou. "Não podemos inventar o câmbio", disse ele, reafirmando o compromisso do governo com a atual política monetária. Palocci aproveitou para reafirmar, também, o compromisso do governo com uma política econômica que garanta o controle fiscal, metas de inflação e melhoria do perfil da dívida. "Não há país no mundo que tenha crescimento sustentável e inflação alta" disse.

Crescimento da economia

"As boas expectativas apresentadas pelos ministros durante a reunião da Câmara de Política Econômica deve garantir ao Brasil um momento histórico que permita um crescimento econômico sustentável e não apenas de curto prazo", disse o ministro. O objetivo é superar obstáculos que porventura possam impedir a continuidade desse processo de crescimento. Nesse sentido, várias medidas estão em estudo para garantir, por exemplo, maior oferta de crédito, marcos regulatórios e incentivos para micro e pequenas empresas.

Colaboraram: Marcos Chagas e Nélson Motta