Lula diz que Brasil não quer viver mendigando espaço no mundo econômico

19/12/2003 - 19h11

Rio, 19/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje no lançamento do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Promint), que o Brasil já é grande demais e não pode ficar pedindo licença o tempo inteiro para fazer algumas coisas, "porque ninguém respeita um governo subalterno, da mesma forma que ninguém respeita o país que age de forma subalterna na sua relação com o mundo. E foi por essa razão que nós fizemos neste ano uma intensa política internacional, para dizer para os quatro quantos do mundo: o Brasil é educado e vai pedir licença para colocar os pés em cada lugar, mas ao mesmo tempo nós temos direito e queremos andar de cabeça erguida e não queremos viver mendigando espaço no mundo econômico".

Para o presidente, que discursou para cerca de 4 mil metalúrgicos presentes à solenidade de assinatura dos contratos de construção da Plataforma P-52, o Brasil não quer nem mais nem menos do que ninguém, "mas apenas aquilo a que nós temos direito e não queremos ser tratados como se fossemos um país de segunda categoria".

O presidente lembrou aos metalúrgicos que o Brasil já teve a segunda maior indústria naval do mundo, só perdendo para o Japão e hoje, por conta de políticas e ações equivocadas na década de 70, paga 6 milhões de dólares por ano de serviços da dívida externa, "porque um belo dia apareceu um grupo que resolveu acabar com a Marinha Mercante do Brasil. Uma indústria competitiva como qualquer outra do mundo. Da mesma forma que abriu mão de extenso patrimônio público em troca de alguns poucos benefícios".

Sob aplausos dos metalúrgicos, Lula foi enfático ao garantir que a indústria naval brasileira veio para ficar definitivamente. "Temos uma indústria de excelência que está investindo não só para consumo interno, mas também para exportar o que produz. Através da indústria naval, podemos mostrar ao mundo que os trabalhadores brasileiros são tão bons quanto os noruengues e espanhois, e mais, na hora de trabalhar nós somos mais nós mesmos".

Ao destacar a recuperação da indústria naval brasileira, "uma promessa de campanha", Lula lembrou que o setor já gerou desde a sua reativação 17 mil empregos diretos entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina.