Jardim Botânico de Curitiba tem alto nível de poluição sonora

04/12/2003 - 14h48

Brasília, 4/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A poluição sonora é um dos sérios problemas nos grandes centros urbanos, principalmente aquela gerada pelos veículos de transporte. De acordo com a medicina preventiva, o nível máximo de ruído a que uma pessoa pode se expor no meio urbano, sem riscos, corresponde a 65 decibéis (dB) e, segundo a Lei Municipal n° 8.583, de Curitiba (PR), o nível sonoro máximo admissível nas áreas verdes é de 55 decibéis.

Levando em consideração esses limites, Paulo Henrique Zannin e Bani Szeremetta, ambos do Laboratório de Acústica Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR), investigaram os níveis sonoros do parque Jardim Botânico de Curitiba, área de lazer situada em uma região estritamente urbana da cidade. Além disso, os pesquisadores buscaram analisar os incômodos causados pelo ruído aos freqüentadores do parque.

De acordo com artigo publicado nos Cadernos de Saúde Pública, foram realizadas medições dos níveis sonoros em diferentes pontos do parque, além de entrevistas com os freqüentadores por meio de questionários elaborados pelos autores. Segundo Zannin e Szeremetta, "os níveis sonoros obtidos foram comparados com o nível de 65 dB e com a lei ambiental da cidade. As entrevistas serviram para avaliar como os freqüentadores percebem a problemática em questão, nos contextos geral e específico do parque".

No total, foram ouvidos 50 freqüentadores do parque de diversas faixas etárias. A maior parte foi entrevistada durante a realização de exercícios (corrida, caminhada). Já as medições foram feitas, segundo os pesquisadores, no horário mais intenso de tráfego de veículos (das 18 às 19 horas) e com ausência de fontes sonoras atípicas, como chuva e vento forte. "Foram escolhidos 21 pontos de medição por meio da análise de carta topográfica; as mensurações foram feitas nas pistas por onde os freqüentadores circulam e o tempo de medição em cada ponto foi de cinco minutos", explica o artigo.

Os resultados das medições revelaram níveis de poluição sonora altos, a maioria (90,5%) chegando a valores acima de 55 dB. Zannin e Szeremetta constataram ainda "que 47,6% dos pontos apresentaram níveis sonoros superiores a 65 dB (A), ou seja, acima do limite estabelecido pela medicina preventiva como o limiar do dano à saúde".

Apesar disso, os pesquisadores observaram que a maioria das pessoas considerou o parque um lugar tranqüilo, sendo que apenas 24% declararam se sentir incomodadas pelos ruídos. Eles explicam que "a comparação do parque com outros locais do seu cotidiano, como o local de trabalho e o lugar onde moram, pode tê-las induzido a classificar o parque como mais tranqüilo".

De qualquer forma, é importante ressaltar que a situação é preocupante, à medida que uma área de lazer, que deveria oferecer as condições necessárias para a prática de exercícios, descanso ou meditação, apresenta níveis muito altos de ruído. (Agência notisa)