Presidente da AEB diz que investimentos poderiam ter evitado acidentes como o de Alcântara

22/08/2003 - 22h11

Brasília, 22/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Acidentes como o que ocorreu hoje, na Base de Alcântara, e no lançamento dos dois primeiros protótipos do VLS-1, em 97 e em 99, poderiam ser evitados se o governo brasileiro tivesse investido mais no Programa Espacial Brasileiro nos últimos 15 anos. A afirmação é do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Bevilacqua para quem a decisão de tornar a tecnologia espacial e o investimento maciço na área como plano estratégico de governo significaria a compra de mais equipamentos, maior troca de informações tecnológicas e comerciais com o setor industrial e a capacitação de uma equipe ainda mais qualificada.

Bevilacqua disse hoje, em Brasília, que não cogita atrasos na continuidade do Programa Espacial Brasileiro, depois da explosão do VLS-1, em Alcântara (MA). Para ele, mais investimentos propiciariam, por exemplo, a compra de equipamentos mais precisos para realização de testes para o Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA). "Seria possível ter sucesso neste lançamento e nos dois anteriores", afirmou.

Para Bevilacqua, é essencial definir o Programa Espacial como prioritário mesmo num momento como este, de consternação. "A tecnologia espacial é vital para o Brasil, isso é indiscutível. Ou dominamos essa tecnologia e dizemos que o Brasil pode conduzir isso autonomamente ou vamos continuar dependendo da boa vontade de outros países para obter dados do espaço, ou pagar uma fortuna para estes mesmos países que têm satélites em órbita", disse.

O investimento nessa área é prioritário, segundo o presidente da AEB, devido à grande extensão territorial do país. Satélites brasileiros forneceriam em tempo real e com freqüência dados sobre desmatamento, incêndios florestais, volume de água de bacias, poluição marítima, na área meteorológica e ainda seria possível dimensionar a safra agrícola.

O orçamento da AEB para este ano é de R$ 35 milhões e, de acordo com Bevilacqua, estudos técnicos dão conta de que seriam necessários R$ 102 milhões. "Mas se viessem R$ 80 milhões, seria um passo importante", observou. Bevilacqua recebeu a notícia da explosão do foguete brasileiro por volta das 14h30, enquanto se preparava para almoçar com a comitiva ucraniana que fechou, hoje, o texto de acordo para uso da Base de Alcântara para lançamento do foguete ucraniano Cyclone-4. O acordo será assinado pelos presidentes dos dois países em outubro. Os técnicos ucranianos, segundo relatou Bevilacqua, se mostraram consternados com a falha do VLS-1 que provocou a morte de 16 técnicos do CTA e se colocaram à disposição para ajudar no processo investigativo sobre as causas do acidente.