Ex-diretor diz que não tinha competência para fiscalizar contas CC5

18/08/2003 - 22h06

Brasília, 18/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ex-diretor de Fiscalização do Banco Central, Cláudio Mauch, afirmou hoje em depoimento na CPMI do Banestado, que o setor de fiscalização da instituição não tinha competência para definir critérios para seleção dos bancos autorizados a fazer as operações por meio das contas CC 5, em Foz do Iguaçú, Paraná. Segundo ele, essa responsabilidade cabia a área internacional. Mauch disse que o Banco Central não tinha como monitorar o valor das transferências internacionais e acionar a luz vermelha quando eles fossem altos. Informou que até 1995 o BC não fiscalizava as agências bancárias brasileiras no exterior e que a partir daquele ano tiveram inicio as fiscalizações.

Nas fiscalizações internacionais, segundo Mauch, o BC encontrou irregularidades na agência do Banestado de Nova Iorque, quando a supervisora Teresa Grossi foi aos Estados Unidos tentar obter informações sobre o que estava acontecendo, mas não teve sucesso, na medida em que a justiça alegou sigilo bancário. Ele informou, inclusive, que Grossi participou de reunião com a presença de agente do FBI, mas mesmo assim voltou ao Brasil sem as informações que foi buscar. Mauch disse, ainda, que ao saber de problemas na agência do Banestado de Nova Iorque pediu o seu fechamento.

O ex-diretor do BC afirmou que não tinha como saber em uma conta bancária quem era ou não laranja. Ele ressaltou que o BC sempre buscou editar normas para proteger os correntistas, adotar instrumentos para evitar a lavagem de dinheiro, que se dá, segundo ele, não só através de operações financeiras. Mauch afirmou que o Banco Central não tem poderes fiscalizatórios como muitos pensam e que no âmbito da instituição as providências são tomadas via processo administrativo e quando há indícios de irregularidades eles são comunicados ao Ministério Público para as apurações e punições.

O depoimento foi contestado por membros da CPI, inclusive pelo senador Flávio Arns(PT-PR) que argumentou que o depoente não estava sendo verdadeiro em suas colocações e que os argumentos apresentados não refletiam a realidade dos fatos. Ao rebater as criticas, Mauch disse que não estava tentando proteger ninguém e que falava o que sabia e a verdade.

O depoimento da ex-diretora Teresa Grossi previsto para hoje foi adiado para amanhã, às 11 horas, em virtude do falecimento do pai do relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP). No próximo sábado, um grupo de parlamentares da CPI irá aos Estados Unidos, para manter reuniões em Nova Iorque e Washington com autoridades daquele país para buscar informações sobre investigações e quebras de sigilo de contas bancárias nos EUA.