Sociólogo afirma que medicina passa por processo de desumanização

18/07/2003 - 21h30

Recife, 18/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Uma obra científica e ao mesmo tempo um manifesto político. Assim foi definido o livro "Contra a desumanização da Medicina: crítica sociológica das práticas médicas modernas", por seu próprio autor, o sociólogo Paulo Henrique Martins, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), hoje, na reunião da SBPC.

Dirigida, em especial, a estudantes, médicos e professores da área de saúde, a conferência versou sobre a falta de humanização na medicina que, na opinião de Martins, passou a existir desde a implantação do capitalismo especulativo. "É um sistema doloroso, que não tem preocupação com o ser humano e que só visa ao lucro. Os capitalistas se dão bem como o sofrimento humano", afirmou Martins.

O sociólogo disse que, apesar de haver movimentações para tornar a medicina mais humana, é preciso mobilizar os trabalhadores, os profissionais de saúde, a imprensa, a sociedade inteira nessa luta. "Se não fizermos isso, a medicina pública não vai sobreviver e suportar a força da particular. As indústrias de equipamentos e de medicamentos são poderosas. E muitas delas compram profissionais", alertou o pesquisador.

Com um posicionamento crítico, o sociólogo lembrou que frente ao desenvolvimento tecnológico que se evidencia nos últimos tempos, disciplinas como a medicina popular e a alternativa foram esquecidas pelos profissionais de saúde. Para Martins, é preciso combater o que ele chamou de processo de "vampirização" da área médica, denunciar os erros médicos e pressionar cada vez mais as autoridades para que fiscalizem rigorosamente os novos medicamentos que estão sendo lançados no mercado.

Defensor da Teoria da Dádiva, que procura aplicar, nos estudos das práticas médicas, a medicina solidária, ele conclamou os profissionais de saúde a buscarem um melhor relacionamento com o paciente. Seu conselho é que no consultório haja o "olho no olho" e maior disposição de escutar o doente, sem pressa e com paciência. "É o dar, receber e retribuir", concluiu.

com Assessoria de Comunicação da UFPE