Presidente não atende reivindicações da CUT

18/07/2003 - 21h45

Brasília, 18/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Com o boné da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na cabeça, o presidente da entidade, Luiz Marinho, deixou o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem que as reivindicações dos sindicalistas para a reforma da Previdência fossem atendidas pelo governo. Marinho tinha oferecido o boné da CUT para Lula usá-lo somente se fosse atender aos pedidos dos sindicalistas. Diante da negativa do presidente, trouxe o boné de volta. "Eu fiz uma brincadeira com o presidente, disse que lhe daria o boné de presente caso ele atendesse as nossas reivindicações. Como isso não aconteceu, então eu vou levar o boné de volta para a CUT", revelou Marinho.

O sindicalista disse que o presidente Lula não poderia usar o boné depois de não acatar as sugestões da CUT para a reforma. "Ele pode vestir o boné da CUT, mas não hoje", enfatizou. Segundo Marinho, Lula disse que não poderia atender as reivindicações porque a responsabilidade sobre a reforma da Previdência é, agora, da Câmara dos Deputados.

Com o fracasso das negociações com o governo federal, a Central vai pressionar os deputados para que modifiquem diversos pontos da proposta. Entre as estratégias previstas pela CUT, estão a realização de "pedágios" em Aeroportos para pressionar os parlamentares, e o corpo a corpo na Câmara para convencer os deputados a modificarem o texto da reforma. "Vamos fazer todo tipo de pressão e de diálogo para convencer o conjunto dos parlamentares para inserir, ao longo da discussão em plenário, para que proteja os baixos salários", informou Marinho. Se não tiverem sucesso na Câmara, Marinho garantiu que os sindicalistas vão repetir a pressão durante a tramitação da reforma no Senado. "Vamos insistir até o último segundo", garantiu.

Como resposta à negativa do governo, a CUT também vai intensificar o apoio à greve dos servidores públicos federais. A entidade pretende dialogar com as categorias dos trabalhadores que não estão em greve para, juntos, decidirem se também vão aderir à paralisação. "A greve é uma pressão legítima. (...) A CUT apóia a greve, e as categorias decidem se entram ou não em greve", disse.

Para Luiz Marinho, a CUT foi esquecida durante as negociações da reforma da Previdência. Além disso, a entidade considera que houve choque entre o governo federal, governadores e os líderes da base aliada até a elaboração da proposta final do relator José Pimentel (PT-CE). "A minha avaliação desse processo é que houve bateção de cabeça entre o governo, o Congresso e as lideranças da base de sustentação. E também o papel que os governadores jogaram, acabou atrapalhando, e muito, o processo de negociação. A CUT se sente desprestigiada nesse processo, porque a CUT não foi ouvida conforme nós achamos que merecemos ser ouvidos", desabafou.

O presidente da CUT ressaltou, porém, que não sai do encontro frustrado com o presidente Lula. "Nós temos consciência dos papéis que cada um representa nesse momento e nós vamos insistir. O presidente ficou de pensar, refletir sobre as questões colocadas, e se for o caso voltaremos a falar do assunto", disse.

Os sindicalistas defendem a retirada do redutor de 5% ao ano até o teto de R$ 2.400,00 para as aposentadorias; o aumento do teto das aposentadorias de R$ 2.400,00 para R$ 4.800,00; o aumento da isenção da cobrança de servidores inativos para acima de R$ 1.058,00, e o aumento da proteção das pensões até o teto de R$ 2.400,00. "O resultado até aqui discutido na reforma prova que ela está desequilibrada em favor dos altos salários. Não tenho nada contra os altos salários, mas é preciso proteger os baixos salários, e a reforma não traz essa proteção, e é por isso que vamos insistir", disse o sindicalista.