Grilagem de terras no Distrito Federal leva nove para cadeia

10/07/2003 - 21h04

Brasília, 10/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Na maior operação contra grilagem de terras, realizada hoje no Distrito Federal, a Polícia Federal prendeu nove pessoas e cumpriu 16 mandados de busca e apreensão. Um dos presos é o deputado distrital José Edmar (PMDB). Ele é acusado de ser o líder de uma organização criminosa dentro da Câmara Legislativa. O assessor do parlamentar e policial civil licenciado, Roberto Peixoto, também foi preso.

A polícia vem investigando há quatro meses a ação de seis quadrilhas de grileiros no Distrito Federal. Destas, três ainda estavam em fase de formação. O Delegado Regional de Polícia e coordenador da missão de combate especial a grilagem, Luiz Fernando, informou que esta é a primeira parte da operação. "Vamos partir agora para uma fase mais ostensiva". Ele disse que a polícia investiga a participação de 1.004 pessoas de apenas de uma das quadrilhas.

O procurador Regional da República da 1ª Região, Carlos Eduardo Vasconcelos, informou que a operação quer colocar fim à atividade de grilagem, que segundo ele, é responsável por várias carreiras políticas, loteamentos e condomínios, hoje regularizados. "Quase podemos dizer que se essa situação persistir, o condomínio ilegal de hoje é o condomínio regularizado de amanhã e que forma mais uma carreira política", afirmou.

O procurador fez um apelo a população para não comprar terrenos que não tenham escritura. "Enquanto as pessoas comprarem pedaços de papel, criarem fatos consumados, como vários condomínios que nós conhecemos aqui no Distrito Federal, não vai haver judiciário, nem repressão que consiga coibir a ação". Ele explicou que o comprador do terreno não está sendo alvo das investigações.

Outros membros da quadrilha pegos em flagrante na manhã de hoje foram: João Sudário de Abreu, considerado pela polícia um dos membros chave da organização criminosa, e o seu sócio, o médico Herval Cavalcante Pereira; Maurício Pradera, ligado ao deputado e acusado de utilizar a empresa MW Factoring para lavagem do dinheiro ilícito; a corretora de imóveis Maria José Santos Barros, a Zezé; Miryan Rodrigues Braz; João Luiz Duarte de Abreu e Rogério Costa de Araújo Pereira.