Clima incomum na terra se agravará, alerta Conselho Mundial da Água

01/03/2003 - 17h19

Brasília, 1/3/2003 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O planeta Terra vem experimentando um clima incomum nas últimas décadas, causando aumento das perdas econômicas devido a tormentas e outras catástrofes, informou um grupo independente de pesquisa, nesta semana.

O Conselho Mundial da Água informou que as estações chuvosas mais intensas, as temporadas de calor mais prolongadas, as tormentas mais fortes e o aumento nos níveis dos oceanos desencadearam um crescente número de inundações e secas desastrosas.

O aquecimento global está provocando mudanças nos padrões climáticos, ao mesmo tempo que a população cresce e se muda para áreas vulneráveis, aumentando o custo de cada desastre, declarou o vice-presidente do Conselho, William Cosgrove. "O prognóstico é que vai continuar piorando ao menos que comecemos a tomar medidas para atenuar o aquecimento global", disse.

Entre 1971 e 1995, segundo o grupo, as inundações afetaram mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo, ou cerca de 100 milhões por ano. Cerca de 318.000 pessoas morreram por causa das inundações e mais de 81 milhões ficaram desabrigadas. Esses números foram obtidos através de pesquisas realizadas por cientistas do Diálogo Sobre Água e Clima, assim como de relatórios de especialistas de outros grupos. As descobertas serão apresentadas com maior detalhes no Foro Mundial da Água, previsto para o próximo mês na cidade japonesa de Kyoto, sede das negociações do protocolo sobre aquecimento global.

Segundo especialistas em meteorologia citados pelo conselho, as mudanças climáticas previstas para o próximo século produzirão, em algumas zonas, temporadas de chuva mais breves, porém mais intensas, e em outras aumentarão os períodos de seca, ameaçando plantações e espécies e diminuindo a produção mundial de alimentos.

O aumento nos níveis de água dos oceanos supõe uma grave ameaça para as pequenas nações insulares, os países que se encontram a baixa altitude, como Bangladesh e Holanda, e grandes cidades como Nova York, Tóquio, Buenos Aires e Lagos, na Nigéria, segundo o grupo.

Os cientistas calculam que os níveis dos oceanos subirão 48 centímetros entre 1990 e 2100.

"A maioria dos países não está preparada para lidar adequadamente com os desastres naturais graves que enfrentamos hoje, uma situação que piorará em grande medida cada vez que as tormentas e os períodos de seca se intensifiquem". disse Cosgrove. "Mesmo que detivéssemos hoje todas as emissões de dióxido de carbono, o aquecimento global continuaria", afirmou.
"Como conseqüência disso, o mar vai continuar se expandindo e aumentando".

As informações são da CNN com Associated Press.