Ignácio de Loyola lança livro sobre a presença brasileira em Portugal

11/12/2002 - 23h18

Brasília, 11/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - A arte portuguesa no Brasil e a presença brasileira em Portugal. A partir desse encontro, surgiu o livro "A Embaixada do Brasil em Lisboa", lançado hoje na embaixada portuguesa em Brasília. Escrita por Ignácio de Loyola Brandão e patrocinada pela empresa Portugal Telecom, a obra traz um pouco da história da presença brasileira em Portugal, aliada a descrições da capital portuguesa, tanto nos séculos 17 e 18 como nos dias atuais. O ponto em que toda essa história se inicia é a aquisição, pelo governo brasileiro, da Quinta de Milflores, local onde fica a embaixada brasileira naquele país. "Para fazer esse trabalho, não bastou uma pesquisa bibliográfica. Precisei também ir à Lisboa para trazer a cor, o cheiro e o espírito do Brasil em Portugal", contou o escritor.

A Quinta de Milflores tornou-se a sede do governo brasileiro em Portugal na década de 80, durante o governo de José Sarney. Mas a elaboração do livro não se restringiu ao simples relato histórico. Além de um levantamento, feito pela historiadora Aline Hall, Loyola também trabalhou com impressões que ele próprio recolheu ao passar dez dias em Portugal. A presença do autor em Lisboa é percebida em trechos do livro em que ele descreve, inclusive, o som que vem da rua e chega à casa do embaixador: "Os ruídos da rua chegam amortecidos, e caminhar por esses atalhos interiores provoca sentimentos de paz e reflexão".

Entretanto, transformar os dados colhidos em um texto que não deixasse o leitor entediado não foi tarefa fácil, segundo o escritor. A busca do equilíbrio entre o estilo "ficcional", como o próprio Loyola define seu trabalho, e a pura descrição do real foi um dos desafios encontrados por ele. Mas, para o Loyola, essa sintonia foi descoberta no uso da linguagem do romance para contar a história. "Tentei encontrar a medida certa fugindo da bajulação, da linguagem cheia de adjetivos. Tudo porque não podia fazer nem um relato oficial, nem uma obra fictícia", afirma. É assim que o autor tenta estabelecer, no livro, um diálogo entre a história, a arquitetura e a literatura.

Esse passeio pelas diferentes formas de arte é, inclusive, uma das características da carreira de Ignácio de Loyola Brandão. O escritor de 66 anos já publicou contos, crônicas e romances. Participou também de filmes como "O Pagador de Promessas", em 1961, além de ter obras suas filmadas, como é o caso do livro "Bebel que a Cidade Comeu"’, ou transformadas em peças teatrais, como ocorreu com o romance "Não Verás País Nenhum".

A obra, no entanto, não parece ter uma função puramente artística. De acordo com o vice-presidente Marco Maciel, que esteve presente no lançamento, o livro é um resgate histórico e também uma oportunidade de reforçar as relações entre Brasil e Portugal, já que o relacionamento entre os dois países envolve também o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Européia (UE). "No futuro, com o Mercosul abrangendo toda a América do Sul, vamos tornar as relações entre os dois mercados mais estreitas. E a proximidade entre Brasil e Portugal é uma ponte para isso", afirmou Maciel. Esse ponto de vista é compartilhado pelo embaixador de Portugal no Brasil, Antonio Franco: "O livro é um registro da importância que o Brasil atribuiu à sua representação em Lisboa. Isso vai aproximar ainda mais os dois países".