pedido de perdão https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/154737/all pt-br Comissão de Anistia reconhece direitos de 15 filhos de perseguidos políticos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-24/comissao-de-anistia-reconhece-direitos-de-15-filhos-de-perseguidos-politicos <p> Carolina Gon&ccedil;alves<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; Quase dez anos longe do Brasil sem a expectativa de retornar a uma vida tranquila e comum. S&iacute;lvia Perrone tinha apenas 5 anos quando foi separada do pai, Fernando Perrone, ent&atilde;o deputado estadual em S&atilde;o Paulo, que foi perseguido pelo regime militar e teve que deixar a Assembleia Legislativa &agrave;s pressas e embarcar para o ex&iacute;lio no Chile, onde a fam&iacute;lia se reencontrou. Depois, nova mudan&ccedil;a, para a Fran&ccedil;a.</p> <p> Na semana passada, S&iacute;lvia, que ainda conserva o sotaque franc&ecirc;s e as lembran&ccedil;as emocionadas de um per&iacute;odo conturbado de sua vida, conseguiu ser anistiada. H&aacute; alguns anos, o perd&atilde;o do Estado e as indeniza&ccedil;&otilde;es financeiras ou reconhecimentos de t&iacute;tulos conquistados em outros pa&iacute;ses, como diploma de gradua&ccedil;&atilde;o, eram concedidos apenas aos perseguidos pol&iacute;ticos. Apenas recentemente, os parentes, principalmente, filhos desses militantes, come&ccedil;aram a ter o reconhecimento das restri&ccedil;&otilde;es que viveram.</p> <p> Depois de contar sua hist&oacute;ria, inclusive a morte de uma de suas irm&atilde;s que acabou se envolvendo com drogas depois do fim do ex&iacute;lio, S&iacute;lvia ouviu o pedido de desculpas do Estado, proferido por 16 conselheiros que integram a Comiss&atilde;o de Anistia. Quinze outros filhos de perseguidos pol&iacute;ticos tamb&eacute;m foram anistiados no mesmo julgamento, que ocorreu h&aacute; tr&ecirc;s dias em Bras&iacute;lia.</p> <p> Na &eacute;poca da sa&iacute;da do Brasil, Silvia, as duas irm&atilde;s e a m&atilde;e s&oacute; conseguiram reencontrar o pais dias depois. A vida da fam&iacute;lia Perrone se resumiu, a partir da&iacute;, a acompanhar de longe a vida no pa&iacute;s de origem, que vivia um momento pol&iacute;tico conturbado. No Chile, os Perrone recebiam not&iacute;cias de familiares e amigos e recepcionavam outros perseguidos militares que tiveram que deixar o Brasil.</p> <p> Dois anos depois, a fam&iacute;lia inteira teve que, novamente, se mudar. Dessa vez, foram para a Fran&ccedil;a, em 1972, quando a situa&ccedil;&atilde;o de militantes brasileiros que lutavam contra o regime militar foi agravada.</p> <p> &ldquo;Tenho boas lembran&ccedil;as do Chile. Nossa casa era aberta e receb&iacute;amos muitas pessoas e, para a gente, era uma bagun&ccedil;a sempre. Na Fran&ccedil;a, caiu a ficha. Meu pai percebeu que n&atilde;o poderia mais voltar e as coisas ficaram mais dif&iacute;ceis&rdquo;, disse ela.</p> <p> S&iacute;lvia conta que as not&iacute;cias de amigos presos e assassinados come&ccedil;aram a chegar com mais frequ&ecirc;ncia e a situa&ccedil;&atilde;o deles em Paris se complicou. &ldquo;Meu pai era visto como se fosse um monstro. Os brasileiros turistas tinham medo de manter contato com a gente. Tinha pol&iacute;cia secreta em todo lugar&rdquo;, contou.</p> <p> Desde 2001, quando a comiss&atilde;o foi criada, 60 mil casos foram julgados. Deste total, 40 mil pessoas receberam o pedido de perd&atilde;o do Estado, e a maior parte delas ainda foram indenizadas financeiramente pelas perdas e restri&ccedil;&otilde;es que sofreram no per&iacute;odo da ditadura militar.</p> <p> &ldquo;&Eacute; um reconhecimento de anos de restri&ccedil;&otilde;es. Os danos causados pelo per&iacute;odo da ditadura s&atilde;o transgeracionais e s&atilde;o psicol&oacute;gicos, f&iacute;sicos e de restri&ccedil;&otilde;es de direitos nacionais&rdquo;, explicou Paulo Abr&atilde;o, presidente da Comiss&atilde;o. Segundo ele, no primeiro momento dos trabalhos da comiss&atilde;o a situa&ccedil;&atilde;o dos filhos destes perseguidos pol&iacute;ticos era ignorada. &ldquo;Hoje esta &eacute; uma quest&atilde;o pac&iacute;fica&rdquo;, disse.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> anistia para filhos de exilados Comissão de Anistia julgamento de anistia Nacional pedido de perdão reconhecimento de anistia Sílvia Perone Sun, 24 Feb 2013 18:07:53 +0000 davi.oliveira 714532 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/