Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/148529/all pt-br Mapa da Violência: professor alerta para 'pandemia' de mortes de jovens negros https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-29/mapa-da-violencia-professor-alerta-para-pandemia-de-mortes-de-jovens-negros <p> <br /> Thais Leit&atilde;o<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; As mortes por assassinato de jovens negros no pa&iacute;s s&atilde;o, proporcionalmente, duas vezes e meia maior do que entre os jovens brancos. Em 2010, o &iacute;ndice de mortes violentas de jovens negros foi de 72, para cada 100 mil habitantes; enquanto entre os jovens brancos foi de 28,3 por 100 mil habitantes. A evolu&ccedil;&atilde;o do &iacute;ndice em oito anos tamb&eacute;m foi desfavor&aacute;vel para o jovem negro. Na compara&ccedil;&atilde;o com os n&uacute;meros de 2002, a taxa de homic&iacute;dio de jovens brancos caiu (era 40,6 por 100 mil habitantes). J&aacute; entre os jovens negros o &iacute;ndice subiu (era 69,6 por 100 mil habitantes).</p> <p> Os dados fazem parte do <em>Mapa da Viol&ecirc;ncia 2012: A Cor dos Homic&iacute;dios no Brasil</em>, divulgado hoje (29) em Bras&iacute;lia, pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a Faculdade Latino-Americana de Ci&ecirc;ncias Sociais (Flacso) e a Secretaria de Pol&iacute;ticas de Promo&ccedil;&atilde;o da Igualdade Racial da Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica (Seppir).</p> <p> De acordo com o professor Julio Jacobo, respons&aacute;vel pelo estudo, os dados s&atilde;o &ldquo;alarmantes&rdquo; e representam uma &ldquo;pandemia de mortes de jovens negros&rdquo;. Entre os fatores que levam a esse panorama, ele cita a &ldquo;cultura da viol&ecirc;ncia&rdquo; - tanto institucional como dom&eacute;stica, e a impunidade. Segundo o professor, em apenas 4% dos casos de homic&iacute;dios no Brasil, os respons&aacute;veis v&atilde;o para a cadeia.</p> <p> &ldquo;O estudo confirma que o polo de viol&ecirc;ncia no pa&iacute;s s&atilde;o os jovens negros e n&atilde;o &eacute; por casualidade. Temos no pa&iacute;s uma cultura que justifica a exist&ecirc;ncia da viol&ecirc;ncia em v&aacute;rias inst&acirc;ncias. O Estado e as fam&iacute;lias toleram a viol&ecirc;ncia e &eacute; essa cultura que faz com que ela se torne corriqueira, que qualquer conflito seja resolvido matando o pr&oacute;ximo&rdquo;, disse Jacobo.</p> <p> O professor defende pol&iacute;ticas p&uacute;blicas mais amplas e integradas para atacar a quest&atilde;o, principalmente na &aacute;rea da educa&ccedil;&atilde;o. &ldquo;H&aacute; no pa&iacute;s cerca de 8 milh&otilde;es de jovens negros que n&atilde;o estudam nem trabalham. As pol&iacute;ticas p&uacute;blicas de incorpora&ccedil;&atilde;o dessa parcela da popula&ccedil;&atilde;o s&atilde;o fundamentais para reverter o quadro&rdquo;.</p> <p> Ainda segundo o estudo, a situa&ccedil;&atilde;o mais grave &eacute; observada em oito estados, onde a morte de jovens negros ultrapassa a marca de 100 homic&iacute;dios para cada 100 mil habitantes. S&atilde;o eles: Alagoas, Esp&iacute;rito Santo, Para&iacute;ba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Par&aacute;. A an&aacute;lise por munic&iacute;pios &eacute; ainda mais preocupante: em Sim&otilde;es Filho, na Bahia, e em Ananindeua, no Par&aacute;, s&atilde;o registrados 400 homic&iacute;dios de jovens negros por 100 mil habitantes.</p> <p> O professor enfatizou que as taxas de assassinato entre a popula&ccedil;&atilde;o negra no Brasil s&atilde;o superiores &agrave;s de muitas regi&otilde;es que enfrentam conflitos armados. Jacobo tamb&eacute;m comparou a situa&ccedil;&atilde;o brasileira &agrave; de pa&iacute;ses desenvolvidos, como Alemanha, Holanda, Fran&ccedil;a, Pol&ocirc;nia e Inglaterra, onde a taxa de homic&iacute;dio &eacute; 0,5 jovem para cada 100 mil habitantes.</p> <p> &ldquo;Para cada jovem que morre assassinado nesses pa&iacute;ses, morrem 106 jovens e 144 jovens negros no Brasil. Se compararmos com a Bahia, s&atilde;o 205 jovens negros para cada morte naqueles pa&iacute;ses; e no munic&iacute;pio baiano de Sim&otilde;es Filho, que tem o pior &iacute;ndice brasileiro, s&atilde;o 912 mortes de jovens negros para cada assassinato de jovem&rdquo;, disse.</p> <p> O secret&aacute;rio-executivo da Seppir, M&aacute;rio Lisboa Theodoro, enfatizou que o governo federal tem intensificado as a&ccedil;&otilde;es para enfrentar o problema que classificou de &ldquo;crucial&rdquo;. Ele lembrou que foi lan&ccedil;ado em setembro, em Alagoas, o projeto Juventude Viva, para enfrentar o crescente n&uacute;mero de homic&iacute;dios entre jovens negros de todo o pa&iacute;s. A iniciativa prev&ecirc; aulas em per&iacute;odo integral nas escolas estaduais, a cria&ccedil;&atilde;o de espa&ccedil;os culturais em territ&oacute;rios violentos e o est&iacute;mulo ao empreendedorismo juvenil, associado &agrave; economia solid&aacute;ria.</p> <p> O Juventude Viva &eacute; a primeira etapa de uma a&ccedil;&atilde;o mais ampla &ndash; o Plano de Preven&ccedil;&atilde;o &agrave; Viol&ecirc;ncia Contra a Juventude Negra. A meta do governo &eacute; expandir o programa no primeiro semestre de 2013 para mais cinco unidades federativas: Para&iacute;ba, Esp&iacute;rito Santo, Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul.</p> <p> &ldquo;O objetivo &eacute; garantir um conjunto de servi&ccedil;os &agrave;s comunidades onde esses jovens residem, como infraestrutura, al&eacute;m de fornecer oportunidade de estudo e de ocupa&ccedil;&atilde;o para eles, aproveitando inclusive os eventos esportivos que o Brasil vai sediar, como a Copa do Mundo&rdquo;, disse Theodoro.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Denise Griesinger</em></p> jovens brancos jovens negros Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil mortes violentas Nacional Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Seppir Thu, 29 Nov 2012 17:16:04 +0000 deniseg 708973 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/