Projeto Solos Culturais https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/141611/all pt-br Favelas do Rio debatem e mostram a própria cultura https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-08-28/favelas-do-rio-debatem-e-mostram-propria-cultura-0 <p> Akemi Nitahara<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro &ndash; O que &eacute; cultura? Existe cultura na favela? Essas quest&otilde;es deram in&iacute;cio ao projeto Solos Culturais no Complexo do Alem&atilde;o, Cidade de Deus, Rocinha, Manguinhos e Penha.</p> <p> At&eacute; 8 de dezembro, essas comunidades podem conferir a primeira interven&ccedil;&atilde;o proposta pelo projeto, que oferece capacita&ccedil;&atilde;o em produ&ccedil;&atilde;o cultural para 20 jovens de cada um desses locais. S&atilde;o exposi&ccedil;&otilde;es, proje&ccedil;&otilde;es, pontos de encontro e festas propostas e produzidas pelos participantes para suas comunidades.</p> <p> A iniciativa do Observat&oacute;rio de Favelas, em parceria com a Secretaria de Cultura estadual e com patroc&iacute;nio da Petrobras (por meio da <a href="http://www.cultura.rj.gov.br/leidoincentivo/leidoincentivo.php">Lei de Incentivo &agrave; Cultura do Rio de Janeiro</a>), come&ccedil;ou em janeiro, com a sele&ccedil;&atilde;o de 100 jovens entre 400 inscritos. O antrop&oacute;logo Caio Gon&ccedil;alves Dias, coordenador executivo do projeto, explica que foram escolhidos pessoas que j&aacute; tinham alguma atua&ccedil;&atilde;o cultural nas comunidades para fazer o levantamento das a&ccedil;&otilde;es existentes e se preparar para dar continuidade a elas.</p> <p> &ldquo;Para a gente era importante reconhecer certas pr&aacute;ticas que ocorrem nas favelas do Rio de Janeiro como cultura. Primeiro a gente precisava identificar essas pr&aacute;ticas, depois precisava estudar alguns temas de produ&ccedil;&atilde;o cultural para que fossem acopladas a projetos, a&ccedil;&otilde;es e por a&iacute; vai. A nossa inten&ccedil;&atilde;o era aliar esses dois lados, a dimens&atilde;o da forma&ccedil;&atilde;o e pesquisa com a dimens&atilde;o da produ&ccedil;&atilde;o e forma&ccedil;&atilde;o cultural&rdquo;, diz o coordenador.</p> <p> Os cursos come&ccedil;aram em mar&ccedil;o e seguem at&eacute; dezembro, com temas como pol&iacute;ticas, projetos e teorias culturais. Dias afirma que um dos objetivos do projeto &eacute; suprir a falta de pesquisas sobre a &aacute;rea cultural nas favelas.</p> <p> &ldquo;Se voc&ecirc; pesquisar a&ccedil;&otilde;es e an&aacute;lises sobre a vida cultural das favelas, voc&ecirc; pega, por exemplo, o censo da cultura do IBGE. O que ele tem a dizer sobre as favelas &eacute; que nas favelas n&atilde;o t&ecirc;m cinema. Isso a gente j&aacute; sabe, &eacute; uma quest&atilde;o que j&aacute; est&aacute; colocada para a gente cotidianamente. Mas ao mesmo tempo voc&ecirc; tem uma s&eacute;rie de cineclubes que s&atilde;o interessantes. Essas pr&aacute;ticas n&atilde;o aparecem nesse tipo de pesquisa. Ent&atilde;o a nossa inten&ccedil;&atilde;o com a pesquisa &eacute; dar visibilidade para esses atos que j&aacute; ocorrem nos territ&oacute;rios, torn&aacute;-los vis&iacute;veis, fazer com que possam ser alvos de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, de patroc&iacute;nio e assim por diante&rdquo;.</p> <p> Moradora da Cidade de Deus, Carolina Meireles, de 27 anos, diz que o projeto levou os participantes a se unirem para &ldquo;retomar&rdquo; a comunidade. Do Solos Culturais, nasceu o Coletivo de A&ccedil;&otilde;es Favel&iacute;sticas (CAF).</p> <p> &ldquo;&Eacute; um coletivo de jovens que pensam em ocupar as ruas de outras maneiras, j&aacute; que a gente tem uma oportunidade. Com as UPPs [unidades de Pol&iacute;cia Pacificadora], com estes projetos vindos para a favela, a gente resolveu pensar um pouco no nosso territ&oacute;rio, na nossa rua, o que a gente podia fazer para ocupar esses espa&ccedil;os que a gente ocupava um tempo atr&aacute;s, antes do tr&aacute;fico ficar muito forte na favela e a gente acabou perdendo o h&aacute;bito de ficar na rua, de desenvolver coisas na rua&rdquo;.</p> <p> Na Rocinha, Michele Silva, de 23 anos, diz que se interessou pelo projeto por ser mais abrangente do que as oficinas tem&aacute;ticas que at&eacute; ent&atilde;o tinha participado. &ldquo;Ele [o projeto] ensina que a gente tamb&eacute;m pode ter acesso a editais da Secretaria de Cultura, desde que a gente aprenda a escrever nosso projeto e mostrar pra eles. [O projeto Solos Culturais] mostra para a gente que cultura pode ser qualquer coisa&rdquo;</p> <p> De acordo com o coordenador do projeto, a ideia &eacute; que o levantamento produzido pelo Solos Culturais sirva de base para pol&iacute;ticas de investimento no setor.</p> <p> &ldquo;A nossa inten&ccedil;&atilde;o &eacute; o reconhecimento de que j&aacute; existe uma produ&ccedil;&atilde;o cultural muito efervescente nas favelas e que demanda diversos tipos de investimento. A gente tem inten&ccedil;&atilde;o que a pesquisa, que vai ser divulgada em dezembro, sirva de subs&iacute;dio pra efetiva&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas ou de empresas que tenham desejo de atuar no espa&ccedil;o das favelas&rdquo;.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> Cidade de Deus complexo do alemão Cultura Cultura cultura na favela favela Favela do Rio favelas mostram cultura Manguinhos Observatorio das favelas Penha Projeto Solos Culturais Rocinha solos culturais Tue, 28 Aug 2012 23:52:14 +0000 fabio.massalli 702077 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/