Fórum João Mendes https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/133210/all pt-br Manifestantes sem-teto protestam em frente ao Fórum João Mendes, em SP https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-05-17/manifestantes-sem-teto-protestam-em-frente-ao-forum-joao-mendes-em-sp <p> Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo - Manifestantes dos movimentos sem-teto e de luta por moradia fizeram hoje (17) um protesto em frente ao F&oacute;rum Jo&atilde;o Mendes, no centro da capital paulista. Os manifestantes, moradores de quatro ocupa&ccedil;&otilde;es no centro de S&atilde;o Paulo, reclamam que podem ser despejados a qualquer momento pela pol&iacute;cia, j&aacute; que h&aacute; mandados de reintegra&ccedil;&atilde;o de posse desses pr&eacute;dios expedidos pela justi&ccedil;a. Os organizadores estimaram a presen&ccedil;a de 800 pessoas. A Pol&iacute;cia Militar disse que 200 pessoas estiveram no ato.</p> <p> Segundo a Frente de Luta por Moradia, 560 fam&iacute;lias podem ser despejadas caso sejam cumpridas as ordens de reintegra&ccedil;&atilde;o de posse nas ocupa&ccedil;&otilde;es existentes na Rua Mau&aacute;, 340; Avenida S&atilde;o Jo&atilde;o, 588; Avenida Rio Branco, 47 e 53; e Avenida Ipiranga, 908, todas na regi&atilde;o central de S&atilde;o Paulo.</p> <p> &ldquo;O ato &eacute; por conta das quatro ocupa&ccedil;&otilde;es que est&atilde;o com liminar de reintegra&ccedil;&atilde;o de posse. Aproximadamente 2,2 mil pessoas est&atilde;o amea&ccedil;adas, entre jovens, crian&ccedil;as e adultos&rdquo;, disse Osmar Silva Borges, coordenador da Frente de Luta por Moradia.</p> <p> Dois desses im&oacute;veis, segundo os manifestantes, pertencem &agrave; prefeitura paulista: os que est&atilde;o localizados na Avenida Rio Branco e na Avenida S&atilde;o Jo&atilde;o. Os outros dois s&atilde;o particulares.</p> <p> &ldquo;Esses moradores n&atilde;o tem nenhuma seguran&ccedil;a de atendimento de moradia: nem verba emergencial, nem parceria social e nem tampouco foram designados para uma moradia j&aacute; definitiva. O problema &eacute; que essas fam&iacute;lias ir&atilde;o para a rua&rdquo;, disse Carmen da Silva Ferreira, uma das coordenadoras do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC).</p> <p> Segundo Carmen, os lugares n&atilde;o foram invadidos pelos moradores, mas ocupados. &ldquo;A diferen&ccedil;a &eacute; que quando se invade, invade-se um local que tem utilidade e uma fun&ccedil;&atilde;o. Mas todos os pr&eacute;dios que ocupamos n&atilde;o t&ecirc;m a fun&ccedil;&atilde;o social da propriedade: estavam todos abandonados, servindo de covil de rato, proliferando dengue e trazendo danos para a sociedade&rdquo;, explicou. &ldquo;N&atilde;o queremos nada de gra&ccedil;a. Queremos que o governo construa moradias para financiar para o cidad&atilde;o. Queremos comprar uma casa. N&atilde;o queremos mais viver de aluguel&rdquo;.</p> <p> Os moradores da Rua Mau&aacute; j&aacute; vivem no local h&aacute; cinco anos. &ldquo;Pela lei, eles j&aacute; teriam at&eacute; direito a uso capi&atilde;o do im&oacute;vel, mas o propriet&aacute;rio, uma semana antes de completar os cinco anos, entrou com mandado de reintegra&ccedil;&atilde;o de posse. Na S&atilde;o Jo&atilde;o, a ocupa&ccedil;&atilde;o tem um ano e sete meses e, nas ocupa&ccedil;&otilde;es da Ipiranga e da Rio Branco, sete meses&rdquo;, explicou Borges.</p> <p> A ocupa&ccedil;&atilde;o da Rua Mau&aacute; existe desde mar&ccedil;o de 2007. Cerca de 237 fam&iacute;lias moram no local, que &eacute; de propriedade particular. O pedido de reintegra&ccedil;&atilde;o de posse do pr&eacute;dio foi concedido em mar&ccedil;o deste ano. A advogada Ros&acirc;ngela Maria Rivelli Cardoso apresentou um mandado de seguran&ccedil;a para tentar suspender a reintegra&ccedil;&atilde;o de posse, mas o pedido foi negado pela justi&ccedil;a. Os moradores ent&atilde;o estabeleceram um acordo com a pol&iacute;cia para que a desocupa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o ocorra em prazo inferior a dois meses.</p> <p> &ldquo;As fam&iacute;lias t&ecirc;m direito a uso capi&atilde;o desse im&oacute;vel. Portanto, elas t&ecirc;m direito &agrave; propriedade desse im&oacute;vel. Elas querem ser mantidas l&aacute;. Esse im&oacute;vel foi abandonado e eles (moradores atuais) o reformaram e deram &agrave; ele a fun&ccedil;&atilde;o social exigida pela nossa Constitui&ccedil;&atilde;o&rdquo;, disse a advogada da ocupa&ccedil;&atilde;o.</p> <p> As fam&iacute;lias que vivem na Ocupa&ccedil;&atilde;o Mau&aacute; reclamam que ocuparam um pr&eacute;dio que estava abandonado. &ldquo;Fazia v&aacute;rios anos que o propriet&aacute;rio n&atilde;o enxergava aquele im&oacute;vel. Quando a gente chegou l&aacute;, tinha muito lixo. O lixo ia at&eacute; a janela do primeiro andar. Foram muitas ca&ccedil;ambas de entulho para tirar l&aacute; de dentro. Melhoramos o lugar. Agora l&aacute; n&atilde;o tem mais pulga. E agora que est&aacute; limpinho e tem vida, eles querem retirar a gente de l&aacute;&rdquo;, disse Raquel Guimar&atilde;es Dutra, moradora do local h&aacute; cinco anos.</p> <p> Antes da Mau&aacute;, Raquel morava em uma favela na Vila Prudente, que sofreu um inc&ecirc;ndio. Hoje, ela vive na ocupa&ccedil;&atilde;o junto com o marido e uma filha. Uma outra filha de Raquel, os dois netos e a sogra tamb&eacute;m vivem no local. &ldquo;Meu medo &eacute; de ir, de novo, para a rua. Porque quando pegou fogo (na favela), fiquei na rua. Hoje em dia estou com esse pesadelo de novo&rdquo;, disse.</p> <p> Amanh&atilde; pela manh&atilde; (18), moradores da Ocupa&ccedil;&atilde;o Ipiranga dever&atilde;o se reunir com policiais para que seja definido um prazo para a reintegra&ccedil;&atilde;o de posse. J&aacute; os moradores da Avenida Rio Branco conseguiram um prazo de tr&ecirc;s meses para que a reintegra&ccedil;&atilde;o seja feita.</p> <p> Procurados pela <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>, o Tribunal de Justi&ccedil;a n&atilde;o se manifestou sobre o protesto e a prefeitura de S&atilde;o Paulo n&atilde;o se manifestou sobre a situa&ccedil;&atilde;o das fam&iacute;lias e sobre o protesto.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> Avenida Rio Branco Avenida São João Cidadania Fórum João Mendes Frente de Luta por Moradia Ocupação Ipiranga Ocupação Mauá protesto Rua Mauá sem-teto sp Thu, 17 May 2012 23:45:52 +0000 fabio.massalli 695194 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/