Haddad critica ato por moradia que bloqueou avenidas em São Paulo

10/01/2014 - 17h21

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
 

São Paulo – O prefeito Fernando Haddad criticou o protesto feito hoje (10) por famílias sem teto que ocupam, desde o dia 29 de novembro, um terreno na zona sul da capital paulista para reivindicar moradia digna.

Na opinião do prefeito, o bloqueio de avenidas com tráfego intenso prejudica o deslocamento dos trabalhadores. “Esse grupo está sendo recebido há algumas semanas pelos secretários municipais. Não me parece que [um ato com interdição de ruas] seja o melhor caminho”, disse Haddad.

O protesto teve início por volta das 4h da madrugada. Cerca de 6 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, iniciaram a caminhada, que saiu do acampamento Vila Nova Palestina, na Estrada do M'Boi Mirim, e chegou à Marginal Pinheiros. A Ponte do Socorro, que cruza a marginal, ficou bloqueada por aproximadamente uma hora e meia.

De acordo com o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, o ato foi uma reação à posição da prefeitura de suspender as desapropriações no município, tanto para fins de moradia, como para outras obras. “E também pelo posicionamento expresso publicamente [por Haddad] sobre a ocupação, defendendo que no terreno seja construído um parque”, ressaltou.

Para Haddad, a política de habitação deve seguir uma lógica para destinação das moradias, pois a cidade tem outras ocupações com milhares de famílias que já estão na fila. “Temos que respeitar os outros movimentos também. Se, a partir desse momento, o critério de atendimento for aquele que protestar mais, impedir a circulação das pessoas, a cidade vai se desorganizar”, afirmou o prefeito.

Haddad voltou a mencionar um decreto municipal, assinado na gestão do prefeito Gilberto Kassab, que destina a área do terreno para um parque público. O local, no entanto, ainda não foi desapropriado e permanece na posse do proprietário. “Se forem instaladas 8 mil famílias ali, vai degradar toda a região. Não cabe essa quantidade, nem a legislação admite.”

A atual classificação da área, como zona de proteção e desenvolvimento sustentável, permite edificações em 10% do total, o que corresponderia a mil moradias. O movimento propõe que o terreno seja transformado em Zona Especial de Interesse Social 4, o que permitiria a construção de edificações em 30% da área. 

Para Boulos, essa posição da prefeitura demonstra desconhecimento do local, pois, ao lado do terreno ocupado, já existe um parque. “A demanda não é por parque. O terreno tem condições de abrigar moradia e outros usos sociais que são demandados na região”, disse Boulos.

De acordo com a coordenação do MTST, os barracos foram montados no local, que estava descampado, e não houve retirada de nenhuma árvore para a ocupação.

Edição: Aécio Amado

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