Sindicato cobra explicações para demissões na GM de São José dos Campos

30/12/2013 - 17h11

 

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos, reunidos em assembleia, cobraram hoje (30) explicações da empresa para as demissões de funcionários que estão ocorrendo desde o último sábado (28) e, segundo o sindicato da categoria, estão sendo avisadas por telegrama.

O presidente da entidade, Antônio Ferreira de Barros, informou que mais de 100 trabalhadores já apresentaram o comunicado de dispensa ao sindicato. “As pessoas foram surpreendidas no período de férias coletivas. Até o momento, a empresa não nos informou quantas pessoas está demitindo ou quantas pretende demitir. Isso demonstra falta de transparência”, disse. 

Para o sindicato, não há justificativa para as demissões já que o setor recebeu incentivos fiscais do governo federal ao longo do ano. “Inclusive na última terça-feira (24), mais uma vez foi acordado com as montadoras a não retomada da cobrança [cheia] do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] em troca da manutenção dos empregos, mas quatro dias depois a GM começa a demitir”, relatou. Barros faz referência ao aumento gradual da alíquota do IPI para automóveis no próximo ano, com um reajuste a partir de janeiro e outro a partir de julho. 

O presidente da entidade critica ainda a política de importação da empresa que está transferindo a produção de determinados modelos de automóveis para outras localidades. “As pessoas que estão sendo demitidas são fruto dessa política. A produção desse modelo [Classic] foi retirada do Brasil e está sendo produzido na fábrica de Rosário, na Argentina”, explicou.

Para evitar as demissões, ele sugere que a empresa cumpra o acordo firmado com os trabalhadores em junho deste ano, no qual uma unidade seria criada no município para produção de um modelo popular. “Seriam investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões e poderia usar todos os trabalhadores sem que fosse necessário demitir”, propôs. Segundo o sindicato, a unidade abrigaria cerca de 2,5 mil funcionários.

Uma nova assembleia está marcada para o dia 8 de janeiro. “Vamos colocar os trabalhadores nas ruas, mobilizar a categoria para pressionar os governos”, disse o sindicalista. Ele espera que os benefícios concedidos à empresa sirvam de pressão para evitar as dispensas. Barros informou ainda que o sindicato deve acionar a Justiça para tentar suspender as demissões, assim como o Ministério Público.

A GM informou, por meio de nota da diretoria da empresa, que, conforme previsto no acordo trabalhista de janeiro de 2013, encerraria as atividades de montagem de veículos de passageiros ao fim de dezembro deste ano. A empresa destacou que desde 2008 negocia com o sindicato investimentos que permitiriam a aprovação de projetos para a fábrica, mas não obteve sucesso. 

Nesse sentido, “foram usadas todas as alternativas trabalhistas, como férias coletivas, plano de demissão voluntária, lay off [contrato de trabalho suspenso] e licença remunerada, para minimizar impactos para nossos trabalhadores”, avaliam os diretores. A opção da GM foi aprovar novos projetos para outras unidades no país no valor de R$ 5,7 bilhões.

“Assim, no final de julho de 2012, com o encerramento da produção dos modelos Corsa, Meriva e Zafira, a continuidade das operações da fábrica de automóveis tornou-se inviável”, diz a nota. A empresa informou que o complexo de São José dos Campos continuará as atividades com sete fábricas.

Edição: Aécio Amado

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