Balões vermelhos lembram em São Paulo importância da prevenção contra o vírus HIV

29/11/2013 - 16h37

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Quatro mil balões vermelhos coloriram hoje (29) o céu paulistano, no bairro Cerqueira César, para lembrar a importância da prevenção de situações de risco de contrair o vírus HIV. A atividade, promovida pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, marca o Dia Mundial de Luta contra a Aids, que será domingo (1º). Dados divulgados nesta sexta-feira pelo governo estadual mostram queda no número de mortes por aids em São Paulo no ano passado. Em 2011, foram 3.006 mortes, com taxa de 7,2 por 100 mil habitantes, e, no ano passado, 2.767 mortes, com taxa de 6,6 por 100 mil.

“Esta não é mais uma data só reflexiva, é também para comemoração. Hoje, entendemos mais a doença e temos uma proposta clara de erradicação da transmissão de mãe para filho, que é uma meta mundial”, disse o secretário de Saúde de São Paulo, David Uip. A  programação inclui também palestras e atividades culturais feitas por adolescentes que são pacientes do Emílio Ribas. Na noite de segunda-feira (2), os jovens farão uma apresentação teatral.

Os números da Fundação Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) mostram ainda que, apesar da expansão da doença entre as mulheres, a taxa de mortalidade pelo vírus HIV permanece com proporção pelo menos duas vezes maior entre os homens. Entre pacientes do sexo masculino, foram 9,1 mil mortes por 100 mil habitantes no ano passado; entre as mulheres, 4,2 mortes.

Durante a palestra que antecedeu a soltura dos balões, também foram apresentados dados municipais referentes à aids. De acordo com a representante do Programa Municipal de DST/Aids, Zarifa Khoury, existem atualmente na capital 84 mil notificações da doença – somente em 2012, surgiram 2.202 casos, dos quais 607 em mulheres. “Nós temos três casos de homem para um de mulher. Voltou a história da epidemia concentrada em HSH [homens que fazem sexo com homens]. Antes estávamos com a proporção de 2 para 1”, destacou Zarifa.

O diretor do Instituto Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior, lembrou que a data concentra esforços para multiplicar informações sobre a doença, mas que as ações estão disponíveis durante todo o ano. “Esse dia abre espaço para que se fale sobre esse tema e ainda existe muito preconceito atrás do diagnóstico do HIV”, declarou. Ele destacou ainda a importância do diagnóstico precoce para a diminuição da mortalidade. “Quanto mais precoce [o diagnóstico], menos doente a pessoa está e temos mais chance de reverter o quadro de queda da imunidade.”

Pereira identifica entre os desafios futuros trazidos pela doença a necessidade de capacitação de profissionais e estruturação da rede para que saibam lidar com as comorbidades (doenças associadas) de pacientes que envelheceram com a aids. “É uma doença crônica, e a população sob controle vai envelhecendo e trazendo desafios que são próprios da terceira idade”, disse ele. Ele exemplificou com os casos em que os soropositivos tenham predisposição genética para o diabetes. “Alterações cardiovasculares, renais e hepáticas têm que ser incluídas na rotina de assistência dos programas”, reforçou.

Também durante a palestra, um grupo de manifestantes do Fórum Popular da Saúde de São Paulo abriu uma faixa para reivindicar da Secretaria da Saúde a manutenção do Posto de Atendimento Médico (PAM) Lapa em funcionamento.

“Os trabalhadores da unidade receberam a informação de que o posto seria fechado para abrigar, após uma reforma, um centro de referência do idoso”, disse a estudante Priscila Rabelo, integrante do fórum. Para Priscila, embora seja importante o trabalho com os idosos, não se deve abrir mão de um serviço que atende a toda a comunidade com médicos especializados.

Segundo Uip, o PAM Lapa não será fechado. “Não vamos fechar nada. Temos de reformar a unidade. Reformá-la com um serviço de saúde dentro seria um grande desafio”, ressaltou o secretário. O fechamento da unidade está previsto para o início do próximo ano. Enquanto isso, profissionais e pacientes serão remanejados para outros postos com serviços similares, informou a secretaria.

Edição: Nádia Franco

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