Intervenções do BC para segurar dólar fazem dívida cambial atingir maior nível em nove anos

25/11/2013 - 16h39

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As vendas de dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda fizeram a dívida interna vinculada ao câmbio atingir o maior nível em nove anos. A dívida mobiliária (em títulos) interna corrigida por moedas estrangeiras encerrou outubro em R$ 151,87 bilhões, no valor mais alto desde janeiro de 2004, quando havia atingido R$ 155 bilhões.

Em termos percentuais, a fatia do câmbio na dívida interna subiu de 6,77% em setembro para 7,85% em outubro. A participação é a maior desde janeiro de 2005, quando alcançou 8,03%.

Apesar de não envolverem a emissão de títulos, as operações de swap cambial tradicional, que equivalem às vendas de dólares no mercado futuro, interferem na composição da Dívida Pública Federal (DPF) conforme os critérios usados pelo Banco Central. Pelos critérios do Tesouro Nacional, que desconsidera as operações de swap, a participação do câmbio na dívida mobiliária interna ficou estável em 0,67% em outubro.

A proporção do câmbio na dívida mobiliária interna tende a aumentar nos próximos meses por causa da decisão do Banco Central de injetar US$ 500 milhões diariamente no mercado futuro até o fim do ano. A despesa total deverá chegar a US$ 60 bilhões, além dos US$ 40 bilhões injetados entre maio e o fim de agosto.

Apesar do aumento da participação do câmbio, a DPF atingiu em outubro uma das melhores composições da história. A participação de papéis prefixados – com taxa de juros definida no momento da emissão – subiu de 41,59% em setembro para 41,91% em outubro, no maior nível registrado desde o início da série, em 1999.

A fatia dos títulos vinculados a taxas flutuantes, como a Selic (taxa de juros básicos da economia), caiu de 14,84% para 13,59%. A participação dos títulos corrigidos pela inflação, no entanto, ficou praticamente estável, passando de 36,79% para 36,65%. Todos esses números também levam em conta as operações de swap pelo Banco Central.

Com taxas definidas no momento da emissão, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Isso porque o governo sabe exatamente quanto vai pagar no futuro, quando ocorrer o vencimento dos papéis. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco porque pressionam a dívida para cima, caso o Banco Central tenha de reajustar os juros básicos por causa da inflação.

Depois de bater recorde em setembro, quando atingiu 4,38 anos, o prazo médio da DPF caiu para 4,32 anos em outubro. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses subiu de 24,17% para 24,64%. Prazos mais longos são favoráveis ao Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de rolagem (renegociação) da dívida pública.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

Edição: Davi Oliveira

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