Conselho do Vaticano para a Família defende aliança com outras religiões

07/11/2013 - 7h49

Da Agência Brasil*

São Paulo - O presidente do Pontifício Conselho para a Família, do Vaticano, dom Vicenzo Paglia, defendeu a aliança da Igreja Católica com outras religiões, em busca de soluções para lidar com a desagregação das famílias. "A Igreja terá de encontrar aliados, como os cristãos, em outras religiões e representantes da cultura. O tema diz respeito a toda a humanidade", afirmou Paglia, em entrevista em São Paulo, ao lado do arcebispo local, dom Odilo Scherer.

Paglia ressaltou que a aliança feita com outras religiões para discutir o tema envolve principalmente os cristãos. Ele informou que, no próximo dia 13, o Pontifício Conselho da Família terá um diálogo com representantes da Igreja Ortodoxa Russa.

O arcebispo italiano viajou ao Brasil para levar ajuda financeira do Vaticano destinada à construção de uma casa de atendimento a crianças filhas de dependentes químicos, em Salvador, na Bahia. O valor do auxílio ultrapassa os US$ 100 mil.

Vicenzo Paglia encontrou-se com representantes da Igreja em São Paulo e, ainda nesta semana, viajará a Aparecida, no interior do estado, onde fica o santuário da padroeira do Brasil.

Na entrevista, ele comentou o questionário de 39 perguntas divulgado terça-feira ((5) pelo Vaticano, como preparação para o Sínodo dos Bispos, que terá a família como tema central e que ocorrerá de 5 a 19 de outubro de 2014.

Segundo o arcebispo, o questionário ajudará a formar uma "fotografia" da realidade, para que a Igreja possa entendê-la. Paglia disse esperar "mudanças" de procedimento após o sínodo, mas defendeu a noção tradicional de família, com pai, mãe e filhos. "Se tudo for considerado família, então nada será família", acrescentou.

O presidente do Pontifício Conselho para a Família lembrou que, atualmente, o individualismo tornou "a satisfação pessoal mais importante do que o bem comum" e que a "exaltação do eu destroi a cultura da comunidade". Segundo ele, somado às dificuldades econômicas, torna-se um desafio para a Igreja mostrar a família como "valor atraente". "É mais fácil ficar sozinho do que criar uma família. Está em crise o casamento religioso, mas também o civil e a união de fato", frisou.

Segundo Paglia, a discussão durante o sínodo não tratará de assuntos abstratos, mas sim concretos e pastorais, como a participação de casais divorciados na Igreja, de idosos abandonados pelas famílias, crianças não educadas e famílias com só um filho.

Atualmente, os divorciados podem participar de pastorais, mas não podem, por exemplo, participar de sacramentos como a Eucaristia.

*Com informações da Agência Lusa

Edição: Graça Adjuto