Comissão da Verdade colhe depoimentos sobre estudantes desaparecidos na ditadura

18/10/2013 - 6h44

Da Agência Brasil

Brasília - O desaparecimento e a morte dos estudantes secundaristas Ismael Silva de Jesus e Marco Antônio Dias Baptista serão tratados hoje (18) pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), durante sessão de depoimentos em Goiânia. Os estudantes secundaristas eram opositores do regime militar. As informações são que Ismael Silva de Jesus suicidou-se, aos 18 anos, em uma dependência do Exército em Goiânia, e Marco Antônio Dias Baptista desapareceu antes de completar 16 anos.

A sessão pública para colher depoimentos de parentes e testemunhos sobre o caso de Ismael será realizada de manhã, no Sindicato dos Jornalistas do estado, com o apoio da Comissão da Verdade dos Jornalistas de Goiás.

Ismael era estudante secundarista em Goiânia e militava no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ele foi preso em 8 de agosto de 1972, pouco antes de completar 19 anos, e levado para o 10º Batalhão de Caçadores, atual 42º Batalhão de Infantaria Motorizada, onde morreu. No dia seguinte, o Exército divulgou a morte do estudante, alegando que ele havia se suicidado por se envergonhar da prisão. A causa da morte apontada pelos legistas foi “enforcamento-asfixia mecânica”. Entretanto, fotos do laudo necroscópico descobertas em 1991 evidenciaram que era falsa a versão oficial, pois mostravam a vítima presa à fina corda de uma persiana.

À tarde, a CNV terá reunião com o jornalista Renato Dias para tratar do desaparecimento de seu irmão, Marco Antônio Dias Baptista, que ocorreu provavelmente em maio de 1970, no norte do estado, atual Tocantins. Baptista teria sido preso pela equipe do capitão Marcus Fleury, que além de oficial do 10º Batalhão de Caçadores de Goiânia, mesmo local em que Ismael foi assassinado, exercia a função de superintendente da Polícia Federal no estado.

Dias Baptista era estudante secundarista em Goiânia e é o mais jovem desaparecido da ditadura, pois sua prisão, conforme diferentes versões, ocorreu em abril ou maio de 1970, antes dele completar 16 anos. O jovem foi dirigente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e militava na Frente Revolucionária Estudantil, ligada à VAR-Palmares.

Relatório da Marinha, em 1993, também confirmou que o desaparecimento ocorreu em 1970. Em 2005, a família venceu uma ação na Justiça Federal de Goiás que condenou a União a informar o paradeiro do jovem e a localizar seus restos mortais.

Edição: Graça Adjuto

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