Fabricantes de alimentos garantem que já buscam produção justa de matéria-prima

08/10/2013 - 13h49

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília – Acusadas pela organização não governamental Oxfam de não adotarem medidas para prevenir e resolver conflitos agrários resultantes da crescente demanda mundial por açúcar, algumas das dez grandes empresas de alimentos e refrigerantes garantiram à Agência Brasil que já possuem mecanismos corporativos para assegurar uma produção justa e sustentável ao longo de toda a cadeia produtiva.

Por e-mail, as duas principais fabricantes de refrigerantes do mundo, Coca-Coca e Pepsi, informaram à reportagem que todos seus fornecedores são obrigados a respeitar os respectivos códigos de conduta das companhias.

“Nosso Guia de Princípios de Agricultura Sustentável reconhece e assegura os direitos das comunidades e povos locais para garantir o acesso à terra e aos recursos naturais e respeita os direitos humanos e do trabalho”, posicionou-se a Coca-Cola, garantindo a disposição de trabalhar com a Oxfam para promover uma agricultura sustentável nos países onde atua.

A Pepsi garantiu que possui um código de conduta ajustado às expectativas globais quanto às relações de trabalho, à saúde, segurança e gestão ambiental. A empresa informou que esse código vem sendo incorporado na contratação de fornecedores em todos os países em que opera. “Continuamos comprometidos em agir ética e responsavelmente com nossos parceiros e organizações externas como a Oxfam”.

Empresa melhor classificada na avaliação da Oxfam, embora em um grau considerado ruim, a Nestlé reconheceu que a segurança alimentar é um dos mais importantes problemas mundiais e que o setor alimentício tem um papel vital para a construção de um sistema alimentar sustentável.

“Nossa abordagem em relação às questões fundiárias engloba muitas das preocupações levantadas pela Oxfam, cujos esforços apoiaremos. Vamos analisar detalhadamente suas solicitações. Estamos totalmente empenhados em melhorar ainda mais as condições de vida dos 690 mil agricultores que nos fornecem matérias-primas, mas acreditamos que é necessária uma abordagem conjunta pela sociedade civil, governo e empresas para que avancemos em direção a um sistema alimentar sustentável”, comentou a Nestlé, revelando preocupação também em relação ao uso sustentável da água.

A Danone se limitou a reafirmar que seu modelo de crescimento mundial se sustenta no compromisso com seus colaboradores; em oferecer e garantir aos consumidores acesso a produtos saudáveis e nutritivos e no compromisso com a sustentabilidade, que, além de garantir o futuro do planeta, assegura a perenidade dos negócios da empresa.

Já a Mars, que no Brasil vende os chocolates M&M e Twix, além dos molhos Masterfoods, garantiu que, entre outras iniciativas para garantir a sustentabilidade de suas ações, assumiu compromissos de certificação do cacau, peixe, chá, café e óleo de palma. “Estamos comprometidos a trabalhar com os nossos fornecedores, com a indústria de alimentos em geral e com organizações não-governamentais como a Oxfam, o World Resources Institute e o WWF para tratar dos impactos sociais, ambientais e econômicos em nossa cadeia de suprimento”.

Argumentando não ser um grande comprador mundial de açúcar, a Unilever reafirmou seu compromisso de, até 2020, só usar matérias-primas agrícolas certificadamente obtidas de fontes sustentáveis – hoje, 36% da meta já foi atingida. “A Unilever reconhece que o direito à terra é fundamental para a segurança alimentar. Estamos analisando a melhor forma de implementar as diretrizes do Comitê de Segurança Alimentar Mundial da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A empresa vai continuar trabalhando de forma transparente com seus fornecedores, considerando os riscos e os impactos associados à questão da terra, como forma de atingirmos nossas metas de sustentabilidade”.

Associated British Foods (ABF), Kellogg's e Mondelez International não se manifestaram sobre o assunto até a publicação da matéria. A reportagem ligou para o número de telefone informado no site da General Mills no Brasil, mas não houve retorno dos pedidos de contato com os representantes ou assessores de imprensa da empresa no país.

Edição: Davi Oliveira

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