Sistema financeiro resistiu a cenário de estresse no mercado, avalia diretor do Banco Central

26/09/2013 - 15h04

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Mesmo com as oscilações no mercado financeiro, com mudanças na cotação do dólar e dos juros, o sistema financeiro “funcionou bem” e resistiu a “esse cenário de estresse real”. A avaliação é do diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles.

Segundo Meirelles, mesmo com a volatilidade, o sistema manteve a liquidez (recursos disponíveis) necessária. De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado hoje (26) pelo BC, o Índice de Liquidez do sistema bancário comercial caiu de 1,91 para 1,63. Esse índice relaciona o volume de recursos de alta liquidez disponíveis para a instituição ao fluxo de desembolso dos 30 dias subsequentes a um cenário de estresse. Quando maior o índice, melhor.

Para o diretor, apesar da redução no índice, o sistema manteve “colchão de liquidez bastante robusto”, com ativos suficientes para enfrentar momentos de estresse do mercado financeiro.

Meirelles lembrou que as oscilações no mercado financeiro, principalmente no segundo trimestre deste ano, foram reflexo da expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) iniciasse mudanças no seu programa de estímulos. Mas, no último dia 18, o Fed anunciou que vai manter o programa de estímulos à economia que irriga o mercado norte-americano com US$ 85 bilhões, em média, por mês. “Recentemente, o mercado de alguma maneira deu uma acalmada”, acrescentou.

O diretor também destacou que bancos pequenos e médios não apresentaram problemas. Ele acrescentou que algumas instituições desse porte sofreram intervenção e foram liquidadas, recentemente, por problemas específicos de má gestão e não por deficiências no sistema financeiro todo. “O sistema como um todo está bastante líquido e provisionado”, disse.  

Segundo Meirelles, o capital regulamentar do sistema permanece acima do exigido pelo BC, em todos os cenários de estresse analisados, mesmo aqueles que envolvem choques abruptos ou extrema deterioração da situação macroeconômica. Mas os resultados ficaram “ligeiramente menos favoráveis” do que as simulações feitas seis e 12 meses atrás. Mesmo assim, de acordo com o diretor, as instituições não ficariam insolventes.

Sobre o crédito, Meirelles destacou a redução da inadimplência de 3,7%, em dezembro de 2012, para 3,4%, em junho de 2013. Segundo o diretor, essa redução decorre do crescimento de carteira de crédito com menor risco, como crédito imobiliário e consignado em folha de pagamento, e redução das operações com riscos mais altos – financiamento de veículos, outras operações de crédito a pessoas físicas e capital de giro.

Segundo Meirelles, os bancos públicos se destacaram na concessão de crédito, no primeiro semestre deste ano, devido ao crescimento do crédito imobiliário e consignado, modalidades mais oferecidas por essas instituições do que pelas privadas.

O relatório também mostra que o lucro líquido dos bancos foi limitado pelo “fraco crescimento do resultado de intermediação financeira”, em razão da redução nas concessões de crédito, menor geração de receitas e do impacto negativo nas carteiras de títulos.

Edição: Juliana Andrade

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