Ex-jogadores brasileiros sonham com carreira no futebol para filhos portugueses

08/09/2013 - 17h12

Gilberto Costa
Enviado especial da Agência Brasil / EBC

Porto (Portugal) – O poeta Vinicius de Moraes, que no próximo mês completaria 100 anos, escreveu uma belíssima letra para uma música de Toquinho sobre a emoção de ver o filho se transformar num menino igual ao pai. Os versos tão inspirados de O Filho que Eu Quero Ter traduzem o sentimento dos pais José Carlos Dias, Mário Lins e Niromar Martins Campos, todos ex-jogadores de futebol que agora estão vendo seus filhos se transformarem em atletas do esporte.

Os três pais são brasileiros, jogaram futebol no Rio de Janeiro e estão há mais de 20 anos em Portugal. Moram no Porto (a 300 quilômetros de Lisboa), são casados com portuguesas, tiveram filhos portugueses e inscreveram os rebentos ainda meninos em escolinhas de futebol. Agora, acompanham os filhos iniciarem a carreira em times das divisões básicas na região.

“Filho de peixe peixinho é”, repete o dito popular Niromar (ex-jogador no Brasil, na Venezuela e em Portugal) sobre o filho Fábio Martins, hoje atacante do Desportivo das Aves, da segunda divisão do futebol português.

“Nunca botei na cabeça dele nada”, assegura Mário Lins (que além do Rio, jogou em times de Goiás e em Portugal nos anos 1980) sobre a influência que teve para que seu filho Igo de Sousa Lins fosse zagueiro do Padroense Futebol Clube. Igo que via o pai jogando quando ainda usava chupeta diz que foi ele que “incutiu” o gosto pelo futebol.

“Meu filho tem o desejo [de jogar]”, diz José Carlos (ex-juvenil no América e no Olaria) ao garantir a autonomia da decisão do filho Wendell Dias em ser meio de campo do Leça Futebol Clube. Segundo José Carlos, o filho começou a frequentar escolinha de futebol ainda aos 6 anos para ter alguma formação esportiva, o que de acordo com o pai ajudou Wendell a tornar-se um homem “disciplinado”.

Os três jovens atuam nas mesmas posições que os seus respectivos pais jogaram entre o fim dos anos 1970 e a década seguinte. A coincidência aproxima-os ainda mais. “Meu pai me dá muitos conselhos. Já viveu o que estou a viver, sabe o que eu passo e que eu vou passar. É importante tê-lo do meu lado”, diz Fábio que, assim como Igo e Wendell, gostaria de jogar no Brasil.

O orgulho de ter o filho jogando na mesma posição só não supera a vaidade. A reportagem perguntou aos três pais qual geração teria mais talento para o esporte. Todos asseguraram serem melhores que os filhos. “Meu filho teve melhor formação, mas se eu tivesse a mesma oportunidade seria melhor que ele”, diz sem modéstia José Carlos. “O pai é melhor, é muito técnico”, elogia Igo. “Eu não posso responder porque nunca vi jogar”, desvia com finta o atacante Fábio.

 

Edição: Carolina Pimentel

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