Leilão de energia gera economia de R$ 2,4 bilhões para consumidores

29/08/2013 - 19h43

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Em cerca de quatro horas foi finalizado o Leilão de Energia A-5, feito pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), hoje (29), na capital paulista. O resultado final teve um deságio médio de 10,74%, o que gerou uma economia de R$ 2,4 bilhões para os consumidores. A energia elétrica contratada no leilão será proveniente de novos empreendimentos de geração de fontes hidrelétrica e termelétrica, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2018.

Foram contratadas usinas que somam 1.265,4 MW  (megawatt) em potência instalada. Dos 36 projetos habilitados, 19 usinas venceram o leilão. O preço inicial do leilão foi R$ 140/MWh (megawatt-hora) e o preço médio de venda R$ 124,97/MWh. Ao todo, os contratos fechados movimentarão R$ 20,6 bilhões e 165,2 terawatt-hora (TWh) em eletricidade.

O leilão foi feito em duas fases, sendo que na primeira foi disputada a concessão da Usina Hidrelétrica Sinop por um prazo de 30 anos. A usina representa 400 MW de potência a ser agregada ao sistema e vendeu energia a R$ 109,40 por MWh. O valor significa um deságio de 7,28% em relação ao preço-teto de R$ 118,00 MWh estabelecido para o empreendimento. A concessão foi arrematada pelo consórcio formado pelas empresas Alupar, Chesf e Eletronorte, responsável pela construção e operação de Sinop (MT).

Na segunda fase, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), termelétricas a biomassa e termelétricas a carvão aptas a participar do certame, concorreram simultaneamente com produtos por quantidade (PCHs) e disponibilidade (térmicas), para selar contratos de comercialização de energia com duração de 30 e 25 anos, respectivamente.

Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, a primeira etapa do leilão foi um sucesso. Ele destacou cinco fatores para o sucesso da etapa. “O primeiro é que no leilão contratamos só energia renovável. O segundo é que conseguimos resgatar duas fontes que estavam perdendo competitividade, que são as PCHs e o bagaço da cana”.

Segundo Tolmasquim, havia uma cadeia industrial para produtos de PCHs que se ressentia pelo fato de não haver novas usinas, além de reivindicações constantes das entidades industriais para o retorno desse tipo de empreendimento. “Outro pleito era por parte do pessoal do etanol, que com a exploração do bagaço da cana ganha uma nova receita para o setor”.

Tolmasquim disse ainda que o leilão ainda fez surgir uma nova fonte de energia que tem muito futuro: a usina a cavaco de madeira. “As duas maiores biomassas contratadas são usinas de madeira, que tem um papel muito interessante para o setor, porque podem ser despachadas o ano todo, já que não têm safra. A madeira tem o ano todo. Quando a hidrologia está boa pode estocar madeira ou usar para outras coisas”.

O presidente da EPE ressaltou ainda o retorno da hidrelétrica com reservatório, representada por Sinop. “Não é um reservatório grande, mas tem um reservatório de acumulação. Ajuda a regularizar outras usinas. É fundamental para isso”. Para Tolmasquim, os preços negociados foram bastante razoáveis com um bom deságio. “O preço foi interessante, dado o perfil das fontes que entraram no leilão”, disse.

Tolmasquim informou que a segunda etapa do leilão A-5 será feita em dezembro para a concessão de seis hidrelétricas, que totalizam 1.206 MWh. “Não quer dizer que todas conseguirão a licença, que todas participarão, mas são hídricas que consideramos com potencial de preço. Muito provavelmente também teremos o produto eólico participando desse segundo leilão”. Tolmasquim disse também que o total de energia contratado para 2018 só será conhecido depois da segunda etapa do leilão A-5.

Edição: Fábio Massalli

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