Do lado de fora de hospital, amigos aguardam notícias de feridos em desabamento de prédio

27/08/2013 - 16h39

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo –  Do lado de fora do Hospital Geral de São Mateus, uma das quatro unidades que receberam vítimas do desabamento de um prédio na manhã de hoje (27), amigos dos trabalhadores feridos aguardam por notícias do colegas.

Um deles é o pedreiro Valdemir Pereira da Silva, de 45 anos. Enquanto espera por informações sobre o estado de saúde de dois amigos, ele, que também é funcionário da construtora responsável pela obra e está de licença do trabalho por 15 dias, contou que a estrutura da obra era inadequada para o tipo de construção que estava sendo feita. Segundo ele, a maioria dos trabalhadores veio do Maranhão, Tocantins e do Piauí.

 “Seis pilares no meio de 1.100 metros quadrados, com duas vigas para segurar uma laje deste tamanho. Estavam fazendo o reforço e aí acontece isso”, disse Silva. De acordo com ele, um dos colegas passa bem e está tomando soro, já o outro fez uma cirurgia.

Até o começo da tarde, 24 trabalhadores tinham sido resgatados pelo Corpo de Bombeiros. Os corpos dos seis mortos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) Central. O desabamento ocorreu por volta das 8h30 da manhã de hoje (27). Os bombeiros ainda trabalham no resgate de mais vítimas – estima-se que mais cinco trabalhadores estão sob os escombros.

A corretora de imóveis Marilene Aparecida passou em frente ao prédio minutos antes do desabamento. Depois, foi alertada sobre o ocorrido pela filha que estava em um ponto de ônibus. Ao ver a poeira, voltou ao local e acabou levando um dos trabalhadores feridos ao hospital, após ter recebido a autorização de um policial. “Ele estava com uma fratura exposta no braço e um machucado na cabeça. Ele conversou normalmente, disse que seu nome era Alcides, que era do Maranhão e que estava trabalhando ali há dois dias”, contou.

De acordo com Marilene, o operário, que é marceneiro, relatou que havia notado fragilidades na estrutura do prédio. “Eu não perguntei mais nada, apenas sobre a família. Estou em contato com a esposa dele que está no Maranhão e estou dando a ela as notícias”. Segundo ela, o homem ficou preso embaixo dos escombros, mas conseguiu sair junto com um colega por meio de um buraco feito em uma parede que dava no quintal de uma casa, também afetada pelo desabamento.

Conforme Marilene, o operário relatou que 30 a 45 pessoas estavam trabalhando no local no momento do desabamento. “Ele disse que foi tão rápido que ele nem entendeu o que aconteceu”, contou.

Já o pedreiro Guilherme Viana de Freitas aguarda notícias de dois irmãos resgatados dos escombros. Há 15 dias, ele deixou de trabalhar na obra. “Só sei que ele [um dos irmãos] foi resgatado, mas não sei em que hospital ele está, se foi mesmo retirado de lá. Ainda não tenho nenhuma notícia, não sei onde ele está. O outro irmão eu já sei que está bem, só com um corte na cabeça”.

“O comentário era de que as vigas eram muito pequenas para segurar um prédio daquele tamanho e que iam tentar reforçar. Aí aconteceu esse acidente”, disse Freitas.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a obra estava em andamento há pelo menos três meses e que houve um colapso da estrutura, sem explosões. Antes da obra, existia no local um posto de combustíveis. As causas do desabamento ainda são desconhecidas. Desde a manhã, a Polícia Civil está no local e somente depois da perícia poderá se chegar a uma conclusão. Segundo informações preliminares, cinco imóveis próximos ao prédio foram interditados. A Defesa Civil do município também está no local e deve fazer uma avaliação sobre os riscos.

A Avenida Mateo Bei onde a construção está situada é um polo de comércio do bairro de São Mateus, na zona leste. Momentos após o desabamento, a rua foi fechada para a circulação de veículos e a maioria das lojas fechou as portas.

Edição: Carolina Pimentel

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. É necessário apenas dar crédito à Agência Brasil