Agro Santa Bárbara diz que colabora para esclarecer assassinato de trabalhador

23/08/2013 - 17h38

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília – Alvo das críticas e da ação de movimentos sociais que lutam pela reforma agrária e pela defesa dos direitos humanos no Pará, a Agro Santa Bárbara disse em nota divulgada na tarde de hoje (23) estar colaborando com as autoridades policiais do Pará para que o assassinato do tratorista Welbert Cabral Costa, 26 anos, seja esclarecido e os responsáveis punidos.

Desaparecido há quase um mês, o corpo de Costa foi encontrado ontem (22), em avançado estado de decomposição, no interior de uma fazenda de São Félix do Xingu (PA) pertencente à empresa.

“A empresa confia no trabalho das autoridades competentes e espera que o desaparecimento de Welbert Cabral Costa seja devidamente apurado, nos termos da lei”, alega a Agro Santa Bárbara, uma das maiores produtoras mundiais de gado.

Em seu site, a empresa informa ter mais de 500 mil hectares de terra divididos por cinco unidades de produção, entre elas a Fazenda Lagoa do Triunfo, onde o corpo de Costa foi encontrado. Um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial.

Segundo a Polícia Civil paraense, os fatos ainda estão sendo investigados, mas testemunhas disseram que Costa foi baleado pelo fiscal de serviços Divo Ferreira, 44 anos. Costa teria ido à fazenda cobrar R$ 18 mil de direitos trabalhistas não recebidos e Ferreira recebeu ordens para não deixá-lo entrar. Costa teria insistido e, após alguma discussão, foi baleado.

Ainda segundo as investigações policiais, há informação de que o capataz Maciel Berlanda do Nascimento, 31 anos, ajudou Ferreira a ocultar o corpo. Ferreira e Nascimento não são vistos desde o dia do crime e são considerados foragidos da Justiça, que autorizou as prisões preventivas dos dois.

Na nota enviada à Agência Brasil, a empresa nega que tenha contratado “jovens delinquentes” para fazer a segurança das suas fazendas. “A Agro Santa Bárbara não coaduna, não avaliza, não acoberta e não aprova qualquer atitude ilícita, repudiando de forma veemente as injustas e falsas acusações de que outros eventos desta natureza já teriam ocorrido em suas propriedades rurais”.

As acusações mencionadas pela empresa foram feitas por organizações como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Pará e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em uma nota conjunta, as organizações disseram que há denúncia de moradores sobre outras mortes e que, por isso, “acredita-se existir um cemitério clandestino dentro da Fazenda Vale do Trinfo, onde o corpo de Welbert foi ocultado”.

Edição: Davi Oliveira // Atualizada às 16h50 para corrigir o nome do município paraense onde está localizada a fazenda: é São Félix do Xingu e não do Araguaia

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