PM diz que monitora mensagens de manifestantes nas redes sociais

13/08/2013 - 19h03

Vitor Abdala*
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O comandante-geral da Polícia Militar, coronel José Luís Castro Menezes, disse hoje (13) que o setor de inteligência da corporação monitorou mensagens trocadas nas redes sociais por professores que participaram de protesto ontem no Palácio Guanabara. A declaração foi feita durante entrevista à TV Brasil.

Segundo o comandante, as mensagens escritas pelos professores, que estavam na zona sul da cidade, insuflaram manifestantes que protestavam pacíficamente no centro. “Nossa área de informações detectou que esse grupo de professores que estava no interior do Palácio Guanabara se comunicou por meio das redes sociais e esses manifestantes que estavam pacíficos no centro da cidade saíram correndo [para o palácio]. E já chegaram lá de forma muito agressiva”, disse o comandante.

O coronel disse que o setor de inteligência da polícia sempre acompanha as manifestações para fornecer informações para a área operacional. Durante a entrevista, Menezes disse que a PM atuou de forma correta ontem e que a corporação continua analisando os protestos para aprimorar sua atuação.

Em entrevista coletiva em julho, o antigo comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, haviam afirmado que a polícia não sabia muito bem como lidar com as manifestações que estavam acontecendo no Rio de Janeiro. Na ocasião, o comandante também disse que, há cinco anos, a Polícia Militar aboliu do currículo de sua academia a disciplina que ensina a controlar distúrbios civis.

A coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Ivonete Conceição, disse que não é possível dizer que os professores que estavam reunidos no palácio Guanabara tenham convocado manifestantes pelas redes sociais, como afirmou o comandante da PM.

“A gente não pode afirmar que foram esses professores. A gente vive outro momento, de grandes manifestações nas ruas, quando as redes sociais têm sido realmente utilizadas nessas convocatórias e passeatas. Os professores, como todos os outros cidadãos, também se organizam nas redes. Pode ter realmente acontecido uma chamada, mas o grupo que estava lá era muito pequeno. Depois chegou um grupo maior, que fazia parte de uma ato que estava acontecendo no centro da cidade sobre a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] dos Ônibus”, esclareceu Ivonete.

Ivonete confirmou que parte do grupo de professores que esteve no Palácio Guanabara para audiência decidiu acampar no local, o que gerou reação dos policiais, que os retiraram à força. “Queriam ter uma resposta melhor por parte do governo e não ouve este diálogo, mas depois eles se retiraram”.

Em coletiva de imprensa na manhã de hoje (13), o governador Sérgio Cabral comentou o incidente com os professores. “Nós recebemos o Sepe para uma reunião em que o [vice-governador Luiz Fernando] Pezão liderou o encontro. Ao final, um grupo resolveu acampar no palácio. Uma parte do grupo disse que não concordava com isso. Quase foi feita uma assembleia na porta do palácio. Aqueles que decidiram acampar, nós os retiramos. Não houve, por parte da polícia, um desejo de truculência. O palácio é um local de trabalho e quando eles manifestam que vão querer acampar aqui, acho que isso não é do bom convívio democrático.”

*Colaborou Vladimir Platonow

Edição: Fábio Massalli

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