Incêndio subterrâneo em Brasília há nove dias mostra risco de queimadas no Centro-Oeste

08/08/2013 - 18h11

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Um incêndio subterrâneo em Brasília consome, há nove dias, uma área equivalente a três campos de futebol no Parkway, região próxima ao Plano Piloto em Brasília. Apesar de já ter sido controlado, o incêndio ainda não foi totalmente apagado. O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) reitera o apelo que faz aos brasilienses nesta época do ano, período de seca no Centro-Oeste, para que evitem fazer fogueiras ou queimar lixo nos terrenos das residências.

O incêndio subterrâneo é uma espécie de incêndio florestal que acontece embaixo das raízes das plantas, em locais de concentração de húmus (matéria orgânica depositada no solo, resultante da decomposição de animais e plantas mortas). As características do incêndio subterrâneo são a existência de uma maior concentração de combustível do que de oxigênio e a queima das chamas em brasas, dando origem a uma fumaça branca.

“Esse tipo de incêndio é muito mais difícil de ser combatido porque se trata de matéria orgânica em brasa, abaixo do solo. O processo de combate a ele é mais demorado e requer, além de valas de contenção, mais logística e uma enorme quantidade de água”, explica o major Eduardo Luiz Gomes, do quartel central do CBMDF. “Todas as situações desse tipo de incêndio têm como origem a ação humana, principalmente quando se queimam folhas”.

Segundo Gomes, um incêndio subterrâneo ocorreu em 2010 e durou 40 dias. O CBMDF mapeou algumas localidades onde há maior incidência de incêndios subterrâneos. Além do Parkway, o Parque do Guará e alguns locais isolados do Parque Nacional e de Planaltina. São pontos onde o risco ambiental é maior pois são áreas com predominância do Cerrado e de proteção ambiental.

“Para evitar que isso aconteça é fundamental a prevenção, evitando aplicação de fogo [em lixo, principalmente de materiais orgânicos como folhas] e fogueiras. Para fazer fogueira, é necessário, antes, capinar o local para fazer uma base de terra, sem qualquer tipo de material orgânico. Depois é necessário cercar a madeira [que servirá de combustível para a fogueira] com pedras. Evitem também fazer fogueira debaixo de fiação ou de árvores”, explicou o oficial.

Segundo o major, a contratação de cerca de 1,5 mil bombeiros, a partir do concurso público feito em 2011, e a aquisição de 28 viaturas (16 para transporte de tropas e 12 de combate a incêndios florestais) melhorou as condições de prevenção e combate a incêndios no Distrito Federal – região onde a seca facilita a ocorrência de incêndios em alguns períodos do ano.

“Além disso, com a Operação Verde Vivo aumentamos em média 30% o número de combatentes, sem prejudicar o socorro urbano”, disse, referindo-se à operação que permite, ao bombeiro, vender um dos três dias de folga a que tem direito a cada dia de trabalho.

Segundo o CBMDF, em 2011, o total de área queimada foi 24,5 mil hectares, e 3.007 ocorrências foram registradas. Em 2012, ano em que os novos concursados começaram a atuar, foram queimados 8,2 mil hectares e registradas 5.036 ocorrências de incêndio. E em 2013, até o dia 6 de agosto, foram queimados 2,6 mil hectares e registradas 1.604 ocorrências.

Edição: Fábio Massalli

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