São João de Meriti é uma das cidades que preparam o Plano Municipal de Saneamento Básico

22/03/2013 - 17h25

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Sem tratar nada de menos da metade do esgoto que é coletado na cidade, São João de Meriti, na Baixada Fluminense, está entre os municípios grandes com maior taxa de internação por doenças diarreicas no Brasil.

É o que mostra a pesquisa Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População, da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Trata Brasil, com dados de 2008 a 2011 dos 100 municípios mais populosos do país.

De acordo com o estudo, São João de Meriti tem a nona maior proporção de crianças entre as internações por diarreia (66,8%), com internação média de 138,4 pessoas por 100 mil habitantes, vigésima sétima pior posição. Em 2011, o SUS gastou R$ 28.287 por 100 mil habitantes (33ª posição) com essas internações na cidade. Os dados de 2010 mostram que 48,7% do esgoto da cidade eram coletados e nada era tratado.

De acordo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), a responsabilidade pelo esgoto das cidades da Baixada Fluminense é das prefeituras. Mas o secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil de São João de Meriti, Zilto Bernardi, afirma que esse acordo foi fechado apenas este ano.

“Estamos fechando um acordo agora com a Cedae. Vamos ficar responsáveis pelo esgotamento sanitário, mas isso está acontecendo agora. Como é que eu poderia cuidar do esgoto antes se a Cedae tinha uma concessão de água e esgoto? Agora eu vou ter cobrança, vou ter de fazer investimento nessa área. O contrato só foi assinado nesse ano, não tinha como assumir uma responsabilidade que era da Cedae”.

O secretário lembra que São João de Meriti tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do Rio de Janeiro e uma das economias mais pobres também. Mas afirma que a gestão que assumiu a prefeitura em janeiro está buscando parcerias para melhorar a situação.

“A cada R$ 1 investido em saneamento você economiza R$ 4 em saúde. A responsável por água e esgoto é a Cedae, mas a gente está tentando resolver a parte do esgoto através de um convênio com a Secretaria Estadual de Ambiente (SEA), Fazenda Estadual e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para trazer de R$ 100 milhões a R$ 120 milhões agora, investidos em saneamento em São João de Meriti”.

Além disso, Bernardi informa que a cidade começou a elaborar o Plano Municipal de Saneamento Básico, com as diretrizes de investimento e metas para os próximos cinco, dez e 15 anos. “Dos mais de 5 mil municípios do país, São João de Meriti foi um dos 70 escolhido para fazer o Plano Municipal de Saneamento. Já licitamos e estamos começando a fazer o nosso trabalho. Ou seja, independentemente do governante que atuar aqui, haverá um plano de investimento nessas áreas. Vamos identificar os maiores problemas da cidade e apontar soluções”.

O plano contempla o planejamento de longo prazo para investimentos em obras para água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos. De acordo com o secretário, atualmente o tratamento de esgoto de São João de Meriti está em 5% do total coletado. O objetivo da prefeitura é chegar ao final do governo, em 2016, com 75% do esgoto tratado.


A pesquisa do Instituto Trata Brasil também incluiu Nova Iguaçu, apontado como o município com a oitava maior proporção de crianças entre as internações por diarreia, com 68,1%. A internação média entre 2008 e 2011 ficou em 165,2 pessoas por 100 mil habitantes, a décima sétima pior posição. Em 2011, o SUS gastou em Nova Iguaçu R$ 40.438 por 100 mil habitantes com essas internações, a décima nona maior entre os municípios pesquisados. Os dados de 2010 mostram que 42% do esgoto da cidade eram coletados e apenas 0,46% era tratado, o 16º pior.

A prefeitura de Nova Iguaçu foi procurada para comentar a pesquisa e a situação do saneamento básico na cidade, mas não se pronunciou até o fechamento dessa matéria.

Edição: José Romildo