Ministro das Finanças admite que crise será mais longa que o previsto em Portugal

15/03/2013 - 16h36

Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil/EBC
 

Lisboa – A crise econômica em Portugal deve ser mais aguda e longa do que o previsto inicialmente, admitiu hoje (15) o ministro das Finanças, Vitor Gaspar. As novas projeções do governo indicam que o desemprego chegue a quase 19% no fim deste ano e que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) caia mais 2,3% este ano.

Vitor Gaspar fez as previsões em entrevista coletiva que marcou o término da sétima avaliação do programa de ajustamento econômico, feita pela troica Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e União Europeia. “A taxa de desemprego é muito elevada”, disse o ministro, ao ressaltar que o problema é “um flagelo” que afeta especialmente os mais jovens.

O governo também anunciou que o corte de 4 bilhões de euros nas despesas do Estado, que inicialmente seria feito em dois anos (2013 e 2014), irá até 2015. Neste ano, o governo promete economizar 500 milhões de euros com o enxugamento de despesas administrativas e o programa de rescisões por mútuo acordo, a ser negociado com sindicatos, o que pode elevar as despesas públicas por causa do pagamento de indenizações.

Conforme o ministro, a prioridade do governo é fazer ajustes permanentes e cortes estruturais nos gastos que forçam o déficit público e aumentam a dívida do Estado português – este ano, a previsão é que a dívida atinja 124% do PIB. Mesmo durante a intervenção da Troica FMI, Banco Central e União Europeia, Portugal não conseguiu atingir as metas do déficit público e renegociou os percentuais para este ano e os dois próximos (2014 e 2015), acima do previsto inicialmente e adiante do prazo do programa de ajustamento.

Além dos cortes de gastos para diminuir a dívida e o déficit, o governo português promete fazer reforma tributária para atrair mais investimentos estrangeiros e retomar o programa de privatização de empresas estatais até o fim do ano – inclusive da companhia aérea TAP, que não foi vendida no fim do ano passado para os controladores da Ocean Air por falta de garantias do grupo comprador.

Com tai medidas, Portugal espera que, no último trimestre deste ano, a atividade econômica pare de cair e o PIB do período tenha variação positiva de 0,6%. De acordo com nota divulgada em Washington pelo FMI, o país precisará ter coesão social para conseguir voltar a crescer economicamente. “O amplo consenso político e social continua a ser um importante fator do êxito do programa”, diz a nota.

A entrevista de Vitor Gaspar foi seguida de protestos dos quatro partidos de oposição com representação na Assembleia da República e críticas das centrais sindicais e pela convocação de novas manifestações pelas redes sociais pedindo a demissão do gabinete do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Apesar dos protestos crescentes, uma pesquisa de opinião divulgada hoje pelo pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa revela que 45% da população entendem que o governo deveria demitir-se, enquanto 46% preferem que fique até 2015, terminando o mandato.

Edição: Nádia Franco

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