Tropa de choque do DF tem a primeira comandante do país

08/03/2013 - 13h10

Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A tenente-coronel Cynthiane Santos, de 40 anos, desmente todos os estereótipos imaginados para uma mulher que comanda quase 400 homens, no Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. Miúda, de fala mansa, maquiada e sem abrir mão dos brincos, da pulseira e dos anéis, Cynthiane é a primeira mulher no Brasil à frente de um batalhão de choque.

Em entrevista à Agência Brasil, ela disse que, apesar de minoria, é, sim, respeitada pelos “marmanjos” do seu batalhão. “Eu não cheguei no grupo para comandar. A minha posição veio depois de anos de carreira, que eu construí para estar onde estou agora. Passei por um processo de promoções e especializações ao longo de 20 anos [até] assumir o batalhão”.

A tenente-coronel participou de um bate-papo hoje (8), Dia Internacional da Mulher, na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), sobre os desafios de ser uma mulher desempenhando uma função de destaque em ambiente predominantemente masculino.

Cynthiane já passou pelo curso da tropa de elite da PM, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), e o seu trabalho diário é controlar distúrbios – usando armas, escudos, entre outras ferramentas. Em 1998, a Lei 9.713 permitiu que as mulheres ocupassem as mesmas funções dos homens e acabou com as diferenças que impediam a ascensão feminina, já que foram unificados os quadros. Isso permitiu à oficial estar na posição de comando que ocupa atualmente.

“Hoje eu posso dizer que tive as mesmas oportunidades, independentemente de ser mulher. Num primeiro momento, havia uma diferenciação em virtude do quadro. Algumas oportunidades de promoção eram limitadas. O Bope, por exemplo, abria concurso e um dos requisitos era ser do quadro masculino. Em 1998 isso acabou”.

Com a responsabilidade do quartel, conciliar vida profissional e pessoal não é tarefa simples para ela. Cynthiane disse que tem de se desdobrar para dar conta também de ser dona de casa e mãe de um adolescente de 17 anos. “Não é fácil. Às vezes estou no quartel e meu filho me liga porque precisa de alguma coisa. Já cheguei a ponto de ter de parar tudo em uma sala cheia de gente e ensinar ele a fazer arroz”.

Sobre criar um menino, sendo a comandante de um grupo de maioria masculina, ela disse que o filho tem muito orgulho do que ela faz e até se gaba entre os colegas na escola – que conhecem e admiram a tenente-coronel. “Ele fala de boa cheia, 'a minha mãe'. Ele acha incrível eu ter o mesmo trabalho que alguns pais dos amigos dele têm. Eu fico muito feliz”.

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Edição: Tereza Barbosa

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