Economista atribui baixo crescimento do PIB à queda no investimento

01/03/2013 - 20h59

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A queda de 4% na taxa de investimento contribuiu para o baixo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado. De acordo com dados divulgados hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira cresceu 0,9% em 2012, abaixo da estimativa de 1,5%. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

De acordo com a pesquisadora da área de Economia Aplicada do Ibre Silvia Matos, países como Chile, Peru, Colômbia e México, que têm renda per capita próxima da brasileira, cresceram mais e ficaram com a inflação mais baixa, por causa do investimento mais alto. Sílvia destacou que esses países estão crescendo 4%, 5%, 6%. "No Brasil, há dois anos, a taxa de investimento era 19,5%, caiu para 19,3% e depois para 18,1%. Então, investimos só 18% do PIB, enquanto tais países investem 23%, 25% e 27%. Eles estão conseguindo crescer, mesmo com esse mundo não muito favorável porque tem tido muito investimento e muitas reformas estruturais estão sendo implementadas”, disse a economista.

Segundo Sílvia, o México fechou o ano passado com crescimento de 3,9%, inflação de 3,2% e taxa de investimento de 22% do PIB. O Peru cresceu 6,5% e investiu 29% do PIB, com inflação de 2,7%. O Chile teve 5,6% de crescimento, inflação de 1,8% e investimento de 27%. E a Colômbia cresceu 3,4%, com inflação de 2% e investimento de 27%. No Brasil, a inflação está na faixa de 5,8%.

Para a economista, apesar da recuperação da economia ao longo do ano, o crescimento ainda é moderado e não deve ser forte em 2013. Para este ano, espera-se resultado "um pouquinho melhor", mas ainda existe preocupação, disse Sílvia. "É necessária uma recuperação muito forte para que a economia cresça um pouco mais. Crescer mais do que no ano passado está fácil, porque o país vem melhorando trimestre a trimestre, mas ainda é um PIB moderado." Sílvia acredita que é um crescimento de 2,5% é possível, mas ressalta que, para ficar acima de 3%, seria preciso algo muito especial, e não se espera nada disso.

De acordo com a economista, o governo tem se esforçado para levantar o PIB, mas o resultado final tem ficado abaixo do esperado. “O governo fez um monte de estímulos, caiu a taxa de juros, um monte de desonerações, e o resultado foi aquém do que poderia ter sido com tudo isso. A indústria, que foi o setor que mais recebeu incentivos ao longo do ano passado, contraiu. Claro que poderia ser muito pior se o governo não tivesse feito tudo isso, mas não está sendo o suficiente.”

Edição: Nádia Franco