ONGs do DF fazem ação de doação de livros infantis para incentivar a leitura

14/02/2013 - 19h38

Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Letícia tem 6 anos e não gosta de ler. O motivo é simples: "tenho preguiça". Ela não está sozinha. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada no ano passado pelo Instituto Pró-Livro, os brasileiros leem em média quatro livros por ano, sendo que menos da metade é lido na íntegra. A fim de incentivar a leitura, celebra-se hoje (14) o Dia Internacional da Doação de Livros.

A intenção da data é fazer com que os livros cheguem ao maior número de crianças possível, seja por doação, seja simplesmente deixando uma publicação infantil em um espaço público para ser achada por alguém. A iniciativa internacional reuniu 12 países no ano passado: Austrália, Canadá, África do Sul, França, Índia, Irlanda, Japão, Filipinas, Espanha, Turquia, Estados Unidos e Reino Unido.  

Este ano, no Distrito Federal, inspirada pelo movimento internacional, o Uni duni Ler - Clube dos Bebês Leitores , o Cuca de Gente Miúda e a Feira de Troca de Brinquedos fizeram uma peregrinação por Brasília, deixando livros e contando histórias às crianças.

A fábula A Cigarra e a Formiga, atribuída a Esopo e reescrita por vários autores infantis, foi encenada pela pedagoga Silvana Kronemberger, do Cuca, com a ajuda de óculos coloridos, enfeites no cabelo e um violão de brinquedo. Foi assim que a pequena Letícia foi convencida a ler o livro que ganhou durante a apresentação. "Esse vou ler”, garantiu.

A escritora Alessandra Roscoe, do Uni duni Ler, explica que muitas vezes a leitura do livro é encarado como um castigo, porque é ensinado assim pelos pais. "Quando a criança fica de castigo não pode ver TV, não pode jogar videogame, mas pode ler. Isso começa a ser encarado como algo negativo". A pesquisa do Instituto Pró-Livro comprova o que diz a escritora: apenas 18% dos brasileiros têm a leitura como uma atividade prazerosa. Entre crianças de 5 a 10 anos, o índice de leitura é baixo: 14% leram pelo menos um livro integral ou parcialmente nos últimos três meses.

Alessandra trouxe de casa 65 livros para deixar pela cidade. Muitos são queridos pela escritora. "Alguns me deram um aperto de trazer. Mas acho que a história não sai de mim e se me fez bem, tem que ser compartilhada".

Para que as histórias dos achados não se percam, o grupo criou uma página no Facebook, onde todos que têm uma conta podem pôr fotos e contar as experiências de deixar ou encontrar um livro infantil.

A iniciativa pode ser adotada por qualquer um. Basta escolher um livro da prateleira e deixar em algum lugar. "É importante também escrever uma dedicatória: 'esse livro não foi perdido, leia e passe para frente'", diz Raquel Fuzara, da Feira de Troca de Brinquedos.

Edição: Fábio Massalli

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