Em Vila Isabel, bloco Gargalhada desfila com deficientes

10/02/2013 - 11h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Com o tema “Eu juro que não sei de nada”, o bloco da diversidade e da inclusão, como é  definido o Bloco Gargalhada, desfila hoje (10) à tarde pelas ruas de Vila Isabel, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, berço do compositor Noel Rosa, que ali nasceu em 1910.

A marchinha campeã de 2013 “Quem comeu o meu pudim?” venceu outras três músicas candidatas e foi composta por Waldir Lopes (deficiente visual), Osmar Junior (cadeirante) e Cheila Felton, diretora-geral da Comunidade Anjos de Visão. O bloco foi fundado em 2005 por Yolanda Braconnot, cujo filho Leonardo, deficiente auditivo, desfila como uma das “madrinhas gargalhetes”, travestido na 'drag queen' Kitana McNew.

A concentração está marcada para as 15 horas, na Associação Atlética Vila Isabel (AAVI), localizada na Avenida 28 de Setembro, número 160.  O desfile começará às 16 horas.

Ao contrário de anos anteriores, em que deficientes auditivos integraram a bateria, o bloco sai este ano com uma banda profissional e carro de som. “A diferença é que agora a gente congrega muito mais deficientes”, disse à Agência Brasil a presidenta da agremiação. “Criamos a figura das gargalhetes. Há uma gargalhete cadeirante, uma gargalhete cega, além da rainha Kitana McNew e da princesa Valeska, duas 'drag queens',  surdas”.

Como Yolanda preside também a AAVI, com o seu projeto de terceira idade “Curtindo a vida”, este ano ela traz  para o Bloco Gargalhada uma ala de idosos. No ano passado, o bloco contou com  a participação de 150 pessoas com deficiências. A expectativa é que esse número aumente este ano.   “A cada ano cresce esse número: eles vão tomando conhecimento, por meio de outros colegas, que este é um bloco inclusivo”.

A grande bandeira do Gargalhada, sustentou Yolanda Braconnot, é a inclusão. “Porque junto com os deficientes saem os demais foliões: é aquela bagunça de todo mundo junto e misturado. Não dá para distinguir quem é cego, quem é surdo: está todo mundo curtindo o carnaval”.

O bloco atraiu em 2012 em torno de 800 pessoas. Neste carnaval, a perspectiva é ampliar o número de integrantes. “Os foliões vão entrando pelo caminho”.

O desfile deste carnaval terá como porta-bandeira e mestre-sala dois adolescentes – Shirley e Dudu – com Síndrome de Down. O estandarte do bloco, entretanto, é revezado com um cadeirante e um idoso. “Ao longo do desfile, entram novos personagens”. Confirmando uma tradição, o bloco tem a presença de um intérprete de libras (linguagem dos sinais) em todas as suas apresentações, desde 2006. “Somos o único bloco no Brasil com intérprete de libras”, disse Yolanda.

Edição: José Romildo

 

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