Personalidades políticas lembram trajetória de luta de Ottoni Fernandes

04/01/2013 - 16h38

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Foi sepultado hoje (4) o corpo do jornalista e diretor internacional da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ottoni Guimarães Fernandes Júnior. O enterro foi no Cemitério Gethsêmani, no bairro Morumbi, zona sul da capital paulista. A trajetória do jornalista na luta contra a ditadura militar e sua contribuição à comunicação pública foram lembradas por personalidades políticas e militantes de esquerda que estiveram presentes para homenageá-lo.

O ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, destacou a atuação de Ottoni no período em que trabalharam juntos no governo federal. Ele ressaltou, o papel do jornalista na Conferência Nacional de Comunicação em 2010. “Ottoni trabalhou muito para a realização da conferência, que foi um marco porque colocou na agenda a necessidade de um novo marco regulatório para a comunicação eletrônica no país”, declarou.

Ex-militantes da Aliança Nacional Libertadora (ALN), grupo do qual o jornalista fez parte, também lembraram a trajetória de Ottoni na resistência à ditadura militar. “Ele foi preso um pouco depois de mim e viveu situações absurdas, mas nunca perdeu a doçura e a leveza”, destacou a jornalista Rose Nogueira, que é membro do grupo Tortura Nunca Mais.

O diretor do Instituto Lula, Paulo Vannuchi, entidade na qual Ottoni atuou antes de assumir a direção internacional da EBC, ressaltou o período em que o jornalista aceitou o desafio de atuar na empresa. “Depois de um ano de trabalho no instituto, ele disse que se sentia atraído por um novo desafio e falou com muita empolgação da ideia do canal internacional da TV Brasil”, relatou.

Vannuchi, que foi ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, durante o governo Lula, destacou o papel do jornalista na defesa da comunicação pública no Brasil. “Entre muitas batalhas que ele enfrentou, a mais recente foi a de batalhar pela democratização das comunicações. Este que é, talvez, um dos pontos nevrálgicos para o avanço ou estacionamento da democracia no país”, avaliou.

Natural de Jaú, São Paulo, Ottoni Fernandes morreu no último dia 28, quando estava em El Chaltén, província de Santa Cruz, na Patagônia argentina. Ele sofreu um infarto. O jornalista foi secretário executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, diretor-geral do extinto jornal Gazeta Mercantil, editor-chefe da revista IstoÉ e editor da revista Exame. Também foi comentarista da TV Gazeta em Brasília e apresentador do Programa Primeira Página, coprodução da TV Nacional e Gazeta Mercantil, em Brasília.

 

Edição: Beto Coura