Campanha no Rio esclarece sobre direitos do cidadão em abordagens policiais dentro das favelas

06/11/2012 - 16h49

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Uma campanha inédita em comunidades cariocas tem como objetivo esclarecer os direitos do cidadão com relação aos procedimentos da polícia dentro das favelas. Promovida pela organização não governamental (ONG) Redes de Desenvolvimento da Maré, em parceria com as entidades Anistia Internacional e  Observatório de Favelas, a campanha Somos da Maré e Temos Direitos foi motivada por diversos relatos de moradores que sofreram abordagens policiais abusivas ou tiveram as casas arrombadas em operações da polícia.

“Todos territórios de favela do Rio de Janeiro têm um histórico de violação de direitos. Nós sublinhamos que nossa ação não é contra a polícia, nossa ação é a favor do direito à segurança, que interessa a todas as pessoas. A comunidade não pode ser uma receptora passiva da ação do Estado. Para que essa ação se sustente ao longo do tempo ela tem que envolver, desde o início e durante sua implementação, os próprios moradores, coisa que não está acontecendo”, disse o diretor da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque.

O projeto será implementado nas 16 comunidades do Complexo da Maré até o final deste ano. A ação teve início hoje (6) na Favela Nova Holanda com a distribuição de 50 mil informativos à população. Os cerca de 100 voluntários caminharam pelas ruas da favela explicando aos moradores como proceder em uma abordagem policial na rua ou dentro das próprias residências.

No caso de atitudes desrespeitosas por parte de agentes de segurança, os moradores foram orientados, por exemplo, a acionar a Corregedoria da Polícia Militar e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A Redes de Desenvolvimento da Maré também terá um número de apoio aos moradores, o 3105-5531.

Para a diretora da Redes de Desenvolvimento da Maré, Eliana Souza, as autoridades de segurança devem encurtar os laços com as comunidades na discussão do problema criando um diálogo aberto com a segurança pública do estado. “O morador da favela é apenas espectador e receptor dessa ação [da segurança pública] e o que nós estamos querendo é nos antecipar e colocar essa agenda e dizer que o morador tem muito a dizer”, explicou.

Morador da Nova Holanda há 40 anos, o ajudante de pedreiro José Henrique de Carvalho aprovou a campanha. Apesar de nunca ter tido problemas em abordagens policiais, Carvalho acredita que, com a população mais informada, os policiais vão chegar de forma diferente nas casas. “A gente não quer que eles [policiais] cheguem aqui e arrombem a sua casa. Isso foi construído com suor. Quando eu comecei a morar aqui isso tudo era barraco, a gente construiu tudo com muito suor”, disse.

Edição: Fábio Massalli