Cresce o número de pessoas desaparecidas no Rio de Janeiro

22/10/2012 - 19h53

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Nos nove primeiros meses do ano, cresceu o número de pessoas desaparecidas no estado do Rio. De janeiro a setembro deste ano, ocorreram 4.432 desaparecimentos, 236 a mais em relação ao mesmo período do que ano passado. Um crescimento equivalente a 5,6%, segundo dados divulgados hoje (22) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Por outro lado, os registros de homicídios diminuíram 7,8%. Foram anotados 3.028 homicídios, 255 casos a menos que em 2011.

Em setembro, o ISP computou 515 casos de pessoas desaparecidas, cerca de 25% a mais do que os 414 do mesmo mês de 2011. Os números do instituto mostram ainda que esse tipo de ocorrência vem crescendo nos últimos anos: em 2006, foram 4.562 casos, saltando para 5.488 (20%), em 2011.

Uma das razões para o crescimento pode estar em uma mudança de comportamento de grupos criminosos do Rio de Janeiro, que, em vez de abandonar o corpo de suas vítimas, passaram a escondê-los. Segundo pesquisa divulgada no início deste mês, pelo Laboratório de Análise da Violência, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a estratégia de sumir com o corpo estaria sendo usada pelas milícias (grupos paramilitares formados, em grande parte, por policiais e ex-policiais que controlam comunidades populares para explorar diversos serviços).

O estudo mostrou que, nas áreas de milícia, há um aumento nos desaparecimentos, ao mesmo tempo em que diminuem os registros oficiais de mortes violentas. “É difícil saber o que está por trás desse crescimento [dos registros de desaparecimento], sem uma pesquisa mais específica. Os desaparecimentos incluem alguns casos de homicídios, mas incluem também muitos casos que não têm nada a ver com homicídios. Sem dúvida nenhuma, é um caso para fica alerta”, declarou um dos coordenadores do estudo, o pesquisador Ignacio Campo.

Até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Segurança Pública não respondeu à solicitação de entrevista feita pela Agência Brasil.

 

Edição: Aécio Amado // Matéria atualizada às 7h48 do dia 23/10/2012 para esclarecer informação