Sindicato cobra mais segurança no entorno de hospitais públicos do Rio depois do assassinato de médica

19/09/2012 - 20h07

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed), Jorge Darze, mostrou preocupação com relação à segurança no entorno de hospitais públicos e à violência contra médicos e profissionais da saúde no exercício da profissão.

A observação foi feita hoje (19) à Agência Brasil, diante do assassinato da médica pediatra Sônia Maria Santana Stender, de 61 anos. Ela foi morta quando saía do plantão do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, subúrbio da cidade, na madrugada do último domingo (16).

Darze disse que vai pedir à chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, o andamento das investigações sobre a morte da médica e que cobrará também o aumento no efetivo policial em torno de hospitais públicos para garantir a segurança dos médicos e o bom funcionamento dessas unidades, já que a maioria delas está situada em locais onde os níveis de violência são elevados.

"Nós sabemos que, estatisticamente, os atos de violência cometidos contra médicos e demais profissionais da saúde ocorrem ou na entrada ou na saída dos plantões. Todos os dias profissionais são ameaçados ou agredidos de alguma forma, verbalmente ou fisicamente. Todos os dias, tem registros de casos dessa natureza aqui no sindicato. Isso é comum", disse.

Outra questão que será abordada por Darze, com Martha Rocha, diz respeito ao elevado número de presos doentes que ocupam os hospitais públicos. De acordo com ele, em virtude da falta de equipamentos e investimentos em hospitais penitenciários, esses presos acabam transferidos para hospitais públicos para serem melhor assistidos, o que, segundo ele, aumenta a insegurança dos médicos.

"Hospitais que não têm características para atender a esse tipo de população com periculosidade elevada é outro ponto que pretendemos conversar com a delegada. Na verdade, esse procedimento acarreta na possibilidade dos resgates em hospitais públicos e, na medida em que esses resgates se dão, podem colocar em risco a vida dos médicos e dos profissionais de saúde, além da própria população", alertou.

O diretor do Hospital Estadual Getúlio Vargas, Carlos Henrique Ribeiro, prestou depoimento na manhã de hoje (19) à Delegacia de Homicídios na Barra da Tijuca, para dar esclarecimentos sobre a morte da médica. Ao sair, após três horas de testemunho, não quis falar com os jornalistas.

A Polícia Civil investiga ainda se a médica sofria ameaças de morte. Para isso, o delegado Rivaldo Barbosa ouvirá também funcionários que trabalharam no mesmo plantão da pediatra, além de analisar as imagens de câmeras de segurança da região. Caso fiquem comprovadas ameaças, Jorge Darze disse que responsabilizará o Estado. "Eu acho que o Estado tem a responsabilidade constitucional de garantir a segurança dos cidadãos. Ao profissional de saúde que está ameaçado no exercício de sua função, o Estado não pode ser negligente com uma situação desse tipo. Se o estado negligenciou na sua função constitucional, ele será responsabilizado por esse crime", enfatizou.

A Secretaria Estadual de Segurança informou, por meio de nota, que recebeu ofícios do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), no dia 7 de maio de 2012, e do SinMed, no dia 26 de março de 2012. De acordo com o órgão, essas solicitações foram encaminhadas para a Polícia Militar, que tomou as providências para reforçar o policiamento ostensivo nas proximidades das unidades de saúde.

"Vale ressaltar que a segurança dentro das unidades, bem como a colocação de circuitos internos de câmeras de vigilância, não competem à Secretaria de Segurança e, sim, aos órgãos responsáveis por essas unidades", diz a nota.

Edição: Lana Cristina