MP investiga se incêndios em favelas de São Paulo estão relacionados a interesses econômicos

18/09/2012 - 20h34

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) investiga se há origem comum entre os incêndios em favelas paulistanas, por suspeita de que estejam sendo provocados por grupos interessados em tirar vantagem econômica dos terrenos. A declaração foi dada hoje (18) à Agência Brasil pelo promotor da área de Habitação e Urbanismo José Carlos Freitas.

“É curioso notar que esses incêndios têm acontecido, de forma geral, em lugares onde há forte interesse do mercado imobiliário”, avalia o promotor. Ele aponta que, normalmente, são áreas nas quais se pretende construir empreendimentos não só habitacionais, mas também empreendimentos comerciais, especialmente, onde há obras públicas a serem implantadas. A área criminal [do MP] está preocupada com a essa coincidência”, justificou.

A Câmara Municipal de São Paulo também investiga as causas e responsabilidades sobre os incidentes por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) , instalada em abril de 2011. Só em 2012, por exemplo, foram ocorreram 33 incêndios de grandes proporções em favelas da capital paulista. A comissão já identificou que a apuração das causas dessas ocorrências é quase sempre inconclusiva.

Para Freitas, embora os incêndios sejam justificados por condições como falta de umidade e precariedade das moradias, a explicação não é lógica. “Outras favelas que têm a mesma estrutura de construção também estão sujeitas à falta de umidade, mas os incêndios não têm acontecido com essa frequência em regiões mais distantes”, compara.

Uma das atribuições da Promotoria de Habitação e Urbanismo é acompanhar o destino dado às famílias que são desalojadas em decorrência dos incêndios. “Ao longo dessas investigações, quando detectamos alguma prática criminosa, nós encaminhamos para a Promotoria Criminal para que ela apure as causas e se há alguma atividade orquestrada para incêndios dessa natureza”, explicou.

Edição: Davi Oliveira