2012: só ocasionalmente poupança ficará menor que inflação

09/09/2012 - 12h31

Kelly Oliveira

Repórter da Agência Brasil

Brasília - A remuneração da poupança pode ficar abaixo da inflação pontualmente em alguns meses, mas em média, neste ano, deve superar a alta dos preços, segundo avaliação do diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira

“Em um cenário de taxa de juros muito baixa, qualquer repique de inflação vai provocar rendimento negativo [rendimento menor que a inflação]. Isso acontece não somente no Brasil, mas em outros países que também têm juros baixos”, diz Oliveira.

Entretanto, na média, a expectativa do diretor da Anefac é que, este ano, os rendimentos superem a inflação, prevista em 5,2% pelo mercado financeiro.

Em maio deste ano, o governo anunciou mudanças na remuneração da poupança. Ficou estabelecido que, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, estiver menor ou igual a 8,5% ao ano, a forma de remuneração muda. Nesse caso, os depósitos são corrigidos por um percentual correspondente a 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR), calculada todos os dias pelo BC.

Anteriormente, a regra era TR mais 0,5% ao mês, que valerá quando a Selic for superior a 8,5% ao ano. Atualmente, a taxa básica está em 7,5% ao ano. E a expectativa do mercado financeiro é que, neste ano, a Selic ainda seja reduzida para 7,25% ao ano. Para o final de 2013, a previsão é 8,5% ao ano.

A professora de economia monetária e financeira do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maryse Farhi, também avalia que a redução nos rendimentos dos investimentos equipara o Brasil a outros países. “A gente não vai ser diferente de milhares de pessoas pelo mundo afora”, destacou. Segundo ela, a remuneração só será inferior à inflação, em momentos de “picos inflacionários”.

Além disso, Maryse destaca que, com a taxa de juros menor “aumentam as possibilidades de mais investimentos” no setor produtivo. Isso porque, com a Selic maior, muitos grandes investidores preferiam investir em títulos públicos, remunerados pela taxa básica, do que aplicar no setor produtivo.

O diretor da Anefac destaca ainda que outros investimentos, como os fundos de renda fixa, também passaram a ter rendimentos menores. Isso porque, nesse caso, diferentemente da poupança, há cobrança de imposto de renda (de 15% a 22,5%, a depender do tempo de aplicação) e taxa de administração, que pode chegar a 3%. Oliveira cita como exemplo o caso de um investimento em fundo de renda fixa, com taxa de administração de 1,5% e resgate em 6 meses, o rendimento líquido fica em 0,39%. Em agosto, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou acima desse percentual, em 0,41%.

No site do BC, é possível conferir a remuneração da poupança de acordo com a data de aniversário da aplicação.

Edição: José Romildo