Capital fluminense ganha museu a céu aberto com inauguração do projeto Outras Ideias para o Rio

07/09/2012 - 10h40

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Até 2016, quando o Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos, os internacionalmente conhecidos cartões postais da cidade vão se transformar, a cada dois anos, em um museu a céu aberto. Projeto inédito, a mostra Outras Ideias para o Rio (OiR) será inaugurada hoje (7) pontuando locais como a Enseada de Botafogo, o Arpoador e os Arcos da Lapa com obras, algumas monumentais, de artistas plásticos de prestígio no cenário mundial.

Nesta primeira edição, serão exibidos trabalhos de cinco artistas estrangeiros e um brasileiro. Os períodos de exposição das obras são variados, mas algumas instalações poderão ser vistas até 3 de novembro. A mostra, que voltará em 2014, ano da Copa da Mundo, e também em 2016, tem patrocínio do governo do estado, da prefeitura e de empresas privadas, além do apoio do Centro Cultural Oi Futuro e do Ministério da Cultura.

“A comunhão entre obra de arte e paisagem valoriza o espaço urbano e torna as cidades mais agradáveis”, afirma o curador da mostra, Marcello Dantas, um dos idealizadores do evento. Para ele, “a exuberante geografia do Rio é o mais perfeito cenário para uma mostra de arte a céu aberto”.

No projeto, o olhar estrangeiro sobre a cidade está expresso em obras como a enorme cabeça flutuante do espanhol Jaume Plensa, instalada nas águas da Enseada de Botafogo. Nesta semana, antes mesmo da abertura da mostra, a obra, de 12 metros de altura, já despertava a atenção dos milhares de cariocas e turistas que passam pela enseada. A escultura, intitulada Olhar nos Meus Sonhos, foi produzida pelo artista no Brasil e para sua sustentação um estaleiro de Niterói criou uma plataforma especial.

Já o artista inglês Andy Goldsworthy criou uma instalação na parede do Centro Cultural Ação da Cidadania, na zona portuária do Rio. Um dos principais nomes da chamada land art, Goldsworthy utiliza em suas esculturas materiais naturais com o objetivo de produzir obras de arte em colaboração com a natureza.

A Cinelândia, um dos mais movimentados pontos do centro, abriga o Labirinto de Vidro, do veterano escultor americano Robert Morris. A instalação ficará aberta à visitação de terça-feira a domingo, das 7h às 23h.

Na zona norte, o recém-inaugurado Parque de Madureira foi o local escolhido para receber a monumental escultura de madeira Cascasa, do brasileiro Henrique Oliveira. O visitante pode atravessar a escultura, que tem como proposta retomar de forma poética a relação entre o parque e a favela que antes existia no local. A obra pode ser vista de terça a domingo, das 7h às 22h.

Para Marcello Dantas, a arte pública tem um importante viés social, porque aproxima pessoas de diferentes classes em torno de um conceito, além de criar um ponto de encontro e um marco na cidade. “As pessoas abrem os olhos para o novo e para o próprio patrimônio público”, afirma.

Diferentemente das demais, que poderão ser vistas até 2 de novembro, outras duas obras da mostra estarão abertas ao público por menos tempo. Uma delas é The Radar, do artista japonês radicado em Paris Ryoji Ikeda, que consiste em um sistema de projeção suspenso por uma torre de 15 metros de altura na Praia do Diabo, no Arpoador, zona sul da cidade. Durante três dias, de hoje a domingo (9), o radar vai promover um espetáculo audiovisual nas areias da praia.

A obra do artista inglês Brian Eno será exibida somente entre os dias 19 e 21 de outubro. Ele desenvolveu um sistema de projeção digital especialmente para os Arcos da Lapa, um dos mais agitados pontos da vida noturna carioca. Também músico e ex-integrante da banda Roxy Music, nos anos 70, Eno vai projetar nas paredes brancas dos Arcos, durante os três dias, 77 milhões de pinturas digitais.  

 

Edição: Lílian Beraldo