Queda da Selic aumenta interesse por títulos corrigidos pela inflação

22/08/2012 - 17h46

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A redução da taxa Selic ao menor nível da história está aumentando o interesse por títulos públicos indexados à inflação, informou hoje (22) o Tesouro Nacional. Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, em julho e agosto, o órgão não vendeu Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papel corrigido pela taxa básica de juros da economia.

“Nesses dois meses, oferecemos lotes pequenos de LFT, mas não vendemos porque as ofertas foram incompatíveis com os preços negociados no mercado secundário”, disse Garrido. Segundo ele, os investidores continuam a acreditar que os juros continuarão a ser mantidos em níveis baixos por um bom tempo, o que desestimula a avaliação de que os papéis corrigidos pela Selic voltarão a oferecer rendimentos atraentes.

De acordo com o coordenador, o ciclo de redução da Selic mudou a expectativa dos aplicadores. “A queda na rentabilidade do CDI [Certificado de Depósito Interbancário, que tem taxas similares aos juros básicos] e da Selic tem feito investidores migrarem cada vez mais para títulos prefixados e corrigidos pela variação de preços”, declarou.

Em julho, pela primeira vez na história, o volume de títulos públicos, corrigidos pela inflação, negociado no mercado secundário (quando os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional trocam de mãos entre os investidores), superou o dos papéis prefixados, com juros definidos com antecedência. No mês passado, as negociações de NTN-B e NTN-C, papéis atrelados a índices de preços, totalizaram R$ 6,19 bilhões, contra R$ 6,13 bilhões em negociações de LTN e NTN-F, títulos prefixados.

Apesar do interesse dos investidores por papéis indexados a índices de preços, Garrido nega que a procura seja motivada pela expectativa de que a inflação volte a subir no segundo semestre e em 2013. “Nossa leitura mostra mais uma mudança de preferência, com investidores buscando alongar prazos [porque boa parte dos títulos indexados à inflação só vence em 2040 e 2050], em vez de apenas querer se proteger de inflação mais alta”, alegou.

Segundo Garrido, a inflação de apenas um ano não altera a decisão de compra desses papéis de prazo mais longo. Como exemplo, ele citou um leilão no último dia 15 em que o Tesouro conseguiu trocar papéis de curto prazo por R$ 15 bilhões em NTN-B com vencimento entre 2016 e 2050.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestados recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos na data do vencimento com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

Edição: Lana Cristina