Jornada de Cinema Silencioso, com teatro e circo, conta a história da sétima arte

11/08/2012 - 15h54

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A mulher-barbada poderá ser vista na companhia da vidente e outros personagens típicos do circo do início do século 20 na 6ª Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, que começa neste sábado (11). A mostra, realizada na Cinemateca Brasileira, apresentará um espetáculo cênico que busca levar os espectadores para a atmosfera da época em que os filmes foram gravados. “É um espetáculo que gira em torno da atmosfera das primeiras décadas do século 20. Então a gente tem a mulher-barbada, junto com a vidente, o cinematógrafo e o raio X. Personagens do cinema que ganham vida, como o Doutor Caligari”, explica um dos membros da equipe de concepção da jornada Adilson Mendes.

Nos primeiros anos do cinema, conta Mendes, os filmes faziam parte de feiras de entretenimento, como as que serão retratadas no espetáculo Salão das Novidades. “Com todo tipo de entretenimento. Porque o cinema une o que há de tradicional na sociedade que vira o século19 para o 20 e traz a condição moderna de movimento, mecanização e velocidade. Então é essa junção de tradição e moderno que a gente buscou trazer para a cinemateca”, ressalta.

Para entender um pouco mais sobre esses anos iniciais do cinema, Mendes recomenda a película de abertura da mostra, As Extraordinárias Aventuras de Mr West no País dos Bolcheviques. “É um experimento da vanguarda russa inspirada no filme de gênero norte-americano. É quase um faroeste passado em plena Moscou”, descreve sobre o filme, que como todos os outros, serão acompanhados de música ao vivo.

O grupo de improvisação Abaetetuba, tocando com instrumentos brasileiros, medievais, japoneses, europeus e de criação própria é um dos responsáveis pela sonorização das exibições. A banda criada em 2004 trabalha em um estilo que Mendes classifica como “radicalização da música popular”. Além disso, também está disponível uma programação mais erudita, como o curso de cinema soviético ministrado pelo professor de História e Estética do Cinema na Universidade de Lausanne (Suiça) François Albera.

A jornada se encerra no dia 19 com a exibição de O Gabinete do Dr Caligari, no Auditório do Ibirapuera, às 19h, com acompanhamento do produtor e arranjador Mário Manga.

Edição: Fernando Fraga