Queda da inadimplência do consumidor deve continuar no 2º semestre, avaliam lojistas

08/08/2012 - 15h11

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A inadimplência dos consumidores do comércio deve continuar em queda este ano, na avaliação do presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro.

De acordo com dados divulgados hoje (8) pela CNDL e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil, a inadimplência caiu 5,68% em julho, na comparação com o mesmo período de 2011. É a segunda maior redução no período de um ano, perdendo apenas para o resultado de março (-11,95%). Esses dados são resultado da pesquisa que consultou mais de 150 milhões de cadastros de Pessoas Físicas (CPF) em 800 mil pontos de vendas credenciados.

Para Pellizzaro, os brasileiros decidiram reorganizar o orçamento familiar, com pausa para novos endividamentos. “É um sinal de amadurecimento do mercado de consumo”, disse. De acordo com ele, o brasileiro não sofre de super endividamento, mas de super comprometimento da renda. “Precisa reordenar o orçamento para que tenha capacidade de pagamento”, acrescentou.

Pellizzaro espera que as vendas do varejo cresçam, este ano, entre 4% e 4,5%, ante a previsão anterior de 6%. Segundo ele, o varejo previa crescimento maior, mas devido aos efeitos da crise externa haverá desaceleração. “O varejo estava acostumado com crescimento chinês”, disse.

A expectativa é de que a economia retome ritmo mais forte a partir do segundo trimestre do próximo ano. “Não estamos sendo pessimistas com a economia, mas realistas com a capacidade de vendas do varejo.”

Segundo Pellizzaro, não há novas pessoas entrando no mercado de consumo ou aumento de renda que permita maior crescimento das vendas.

O presidente da CNDL disse que a redução da taxa básica de juros, a Selic, desde agosto do ano passado, foi a melhor medida que o governo adotou até agora para enfrentar a crise financeira internacional. “É linear para todos os setores. Não é como reduzir o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]”, enfatizou.

Apesar disso, Pellizzaro acredita ser necessário prorrogar a redução do IPI para os automóveis. “É um setor que tem cadeia produtiva e de distribuição longa. Sob essa ótica, há necessidade de prorrogação”, justificou. Porém, ele acrescentou que o incentivo à um segmento específico da economia não pode durar por muito tempo, porque pode desestimular as vendas de outros setores.

A CNDL assinou hoje (8) convênio com o Banco do Brasil (BB) para oferecer taxas de juros promocionais para micro e pequenos empreendedores. A ideia é oferecer produtos adaptados ao calendário de vendas dos varejistas. Com a comemoração do Dia dos Pais no próximo domingo (12), foram reduzidas as taxas de linhas de desconto de duplicatas, cheques pré-datados e cartões de crédito.

Segundo o BB, nesta época, há aquecimento das vendas e aumento da procura das empresas por antecipação de recebíveis. Nesse caso, a taxa de juros é a partir de 1% ao mês. Também foram reabertas as contratações do BB Giro Décimo Terceiro Salário, linha usada para o pagamento do décimo terceiro salário dos empregados. “O objetivo principal é facilitar o acesso dos varejistas ao crédito”, disse o vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do BB, Osmar Dias.

Edição: Carolina Pimentel