Protesto dos caminhoneiros também afeta estradas na Bahia e no Espírito Santo

27/07/2012 - 16h41

Da Agência Brasil

Brasília - Em busca de melhores condições de trabalho, caminhoneiros realizam paralisação em vários estados do país, no terceiro dia do movimento. Além de Minas Gerais, onde a Rodovia Fernão Dias foi bloqueada, os motoristas também realizaram protestos no Espírito Santo e na Bahia. A mobilização está sendo coordenada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) e sindicatos estaduais.

No Espírito Santo, a paralisação dos caminhoneiros começou na quarta-feira (25), ocupando parte das rodovias BR-262 e BR-101. Durante a madrugada de ontem, os motoristas bloquearam toda a pista da BR-262, impedindo a passagem de caminhões, sendo liberado apenas o trânsito de carros.

A Justiça do Espírito Santo ordenou que os manifestantes liberassem a pista até a meia-noite de ontem. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), aos poucos os caminhoneiros foram se retirando e, às 8h de hoje, a pista já estava livre.

Na Bahia, o protesto dos motoristas começou às 18h12 de ontem. Eles ocuparam a BR-020 à altura do km 206, próximo ao município de Luís Eduardo Magalhães. A pista foi liberada na manhã de hoje, por volta das 9h15. Segundo a PRF, um dos líderes do movimento foi detido.

Segundo o caminhoneiro e um dos diretores do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Minas Gerais (Sinditac-MG), Antônio Vander Silva Reis, a classe tenta negociar melhorias com o governo há anos, mas nada foi definido. "Estamos fazendo uma manifestação pacífica por tempo indeterminado. Vamos voltar ao trabalho apenas quando o governo decidir negociar com o presidente do MUBC, Nélio Botelho".

Os caminhoneiros protestam contra resoluções estabelecidas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que trouxeram prejuízos para a categoria. Segundo Antônio Reis, os motoristas não estão conseguindo transportar por causa dos altos valores de impostos e pela desregulamentação do mercado. "Não vale mais a pena ser caminhoneiro hoje, estamos sendo perseguidos, massacrados", disse o diretor.

Outra resolução criticada trata do regime de descanso dos caminhoneiros. A partir de segunda-feira, segundo a determinação, os caminhoneiros devem ter, no mínimo, 11 horas de descanso diário a cada 24 horas trabalhadas, e descanso semanal de 35 horas. Além disso, os caminhoneiros devem fazer um intervalo mínimo de 30 minutos a cada quatro horas dirigidas.

Antônio Reis alega que a medida é impossível de ser comprida pela falta de locais apropriados para os motoristas pararem. "Não tem lugar de parar, às vezes temos que rodar mais de 100 quilômetros para encontrar um ponto de parada de caminhões. É um absurdo. Não podemos nem parar em postos de gasolina, se não abastecermos", desabafa o caminhoneiro.

O sindicalista também denuncia que as reivindicações não são atendidas porque a maioria dos sindicatos que representam a categoria está irregular. "Existem muitas pessoas incompetentes defendendo a classe", ressaltou.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou à Agência Brasil que os caminhoneiros que se sentirem lesados por causa de sindicato irregular podem fazer denúncia anônima ao MPT. Caso o sindicato represente apenas a categoria estadual, a denúncia pode ser feita na Procuradoria-Geral do Trabalho daquele estado. Mas, se o sindicato representar a classe em nível nacional, então a denúncia pode ser feita junto ao MPT.

Em nota, a ANTT informou à Agência Brasil que "vem mantendo negociações com representantes dos caminhoneiros buscando o aperfeiçoamento dos requisitos para inscrição no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) e das normas relativas ao pagamento eletrônico de frete, além de outras questões, que devem passar por ampla discussão entre todos os interessados e serem incluídas na agenda regulatória da agência".

A agência reguladora disse ainda que "sempre esteve e continuará à disposição dos transportadores rodoviários, pessoas físicas ou jurídicas, para discutir e efetivar medidas que busquem harmonizar os interesses de prestadores e usuários dos serviços de transporte rodoviário".

Edição: Davi Oliveira