Servidores das carreiras de Estado iniciam movimento afetando setor de venda de títulos públicos do BC

11/07/2012 - 18h23

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O trabalho desenvolvido pelo Departamento de Mercado Aberto (Demab) do Banco Central (BC), cujas atividades estão centralizadas no Rio, ficou mais lento hoje (11). A causa foi a mobilização dos funcionários públicos federais das chamadas carreiras de Estado, que envolvem órgãos como o próprio BC, a Receita Federal e a Polícia Federal. Parte dos serviços do setor foram transferidos pelo BC para uma entidade privada parceira.

Em todas as dez  regionais do Banco Central distribuídas pelo país está havendo paralisação. As próximas mobilizações estão programadas para São Paulo (19) e Brasília (26). "Por enquanto, há paralisações de 24 horas. Em seguida, vamos passar para a greve mesmo”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), regional Rio de Janeiro, João Marcus Monteiro.

Entre as atribuições do Demab, que é subordinado à Diretoria de Política Monetária do BC, estão as de realizar as operações de compra ou venda de títulos públicos (mercado aberto) e de administrar o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) desses títulos, além de promover os leilões de títulos do Tesouro Nacional. Esses leilões não foram realizados hoje, mas isso não teve relação com o movimento dos servidores, de acordo com a assessoria de imprensa do BC.

No Rio, o ponto alto da mobilização é a realização de um ato nacional, esta tarde, em frente à sede do Banco Central, no Rio de Janeiro. Além dos funcionários do BC, se encontram no local servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Polícia Federal, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (Susep), entre outras instituições, informou João Marcus Monteiro. “Dez entidades federais confirmaram a presença para o ato de hoje”, disse.

Segundo informou à Agência Brasil o presidente do Sinal-RJ, “por precaução, talvez por medo de alguma  baderna”, o BC teria transferido nesta quarta-feira  parte do serviço do Demab para a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em São Paulo, que é parceira do Banco Central na gestão do Selic, sistema que custodia os títulos públicos.

A transferência foi confirmada pela assessoria de imprensa do Banco Central, em Brasília. “A gente está com a mesa (de operações) em regime de contingência. Mas ela está funcionando normalmente. Não tem prejuízo nenhum”, acrescentou a assessoria. Segundo Monteiro, um grupo do Demab fica na Anbima e outro na mobilização, o que “dificulta o trabalho. O trabalho fica mais lento lá”.

O ato nacional  objetiva chamar a atenção do governo federal para a necessidade de recomposição das tabelas salariais das carreiras de Estado. A recuperação das perdas provocadas pela inflação é condição essencial, segundo alegam os sindicalistas, para a manutenção da qualidade e da autonomia da Administração Pública. Segundo a categoria, os funcionários estão há quatro anos sem reajustes.

Edição: Davi Oliveira