Nove ciclistas vítimas de acidente de trânsito são internadas pelo SUS diariamente em SP

01/07/2012 - 16h31

Fernanda Cruz e Daniel Mello
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo - No ano passado, 3,4 mil ciclistas vítimas de acidentes de trânsito, na capital paulista, foram internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa uma média de nove ocorrências registradas por dia. Segundo o levantamento da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, essas internações geraram gasto anual de R$ 3,25 milhões.

De acordo com o médico socorrista do Grupo de Resgate e Atendimento às Urgências (Grau) Hassan Yassien Neto, o estudo incluiu apenas aquelas vítimas que usaram o resgate e outra forma de atendimento emergencial. “Certamente o número pode ser muito maior por causa da não notificação. Às vezes, as vítimas vão para a casa e retornam para o hospital em outro momento, então esse número pode estar subestimado”, diz. A quantidade de mortos divulgada pela Secretaria (um a cada dia) também pode ser maior na opinião do médico, pois não foram levantadas as mortes que ocorrem no local do acidente.

As lesões mais frequentes dos ciclistas envolvem fraturas e contusões, ocorridas geralmente da cintura para baixo, que é normalmente a altura dos veículos. Outros lesões menos comuns, porém de maior gravidade, são traumatismos de crânio, tórax e abdome. Nesses casos, a recuperação do paciente varia conforme o tipo de atendimento dado: “dependendo do transporte, do tempo que leva para chegar ao médico e de como chegou, ele vai ter evoluções diferentes”, explica.

Por isso, o médico destaca a importância de recorrer ao atendimento emergencial em casos de acidentes com ciclistas, mesmo que a lesão não aparente ser grave. “A orientação que damos sempre é acionar os meios de apoio, resgate e bombeiros, para que possam fornecer ajuda e deixar que os médicos definam a real gravidade”, diz o médico socorrista. Ele destaca que é fundamental para prevenção o uso de equipamentos de segurança (capacete, joelheira e cotoveleira).

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) recomenda também o uso de refletivos nos pedais, laterais, dianteira e traseira da bicicleta. Além disso, orienta os ciclistas a usar roupas claras, acessórios refletivos, além da instalação de sinalizadores e lanternas na bicicletas para aumentar a visualização dos motoristas, sobretudo à noite, quando os cuidados precisam ser redobrados.

Os ciclistas devem, além disso, procurar ruas menos movimentadas e jamais trafegar em vias expressas e rodovias – prática que é proibida por lei. Circular entre veículos parados no “corredor” do trânsito, formado pelos carros parados nos semáforos, é outra prática perigosa. “Culpa-se muito o motorista, mas o ciclista também tem uma parcela de culpa dentro dessa história”, alerta o médico.

Edição: Talita Cavalcante