CNI vai rever estimativa de crescimento do país em documento que será divulgado em julho

05/06/2012 - 16h20

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) está revendo para baixo as previsões de crescimento da economia. A estimativa da entidade, até agora, era que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceria 3%, mas, para que a previsão fosse confirmada, a taxa de crescimento deveria ter sido de 0,7% a 0,8% no primeiro trimestre.

O índice é bem maior do que o anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 1º. Soma dos bens e serviços produzidos no país, o PIB cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao último trimestre de 2011, totalizando R$ 1,03 trilhão, conforme divulgou o IBGE.

“Com o resultado do primeiro trimestre, começamos a perceber que [o crescimento de] 3% no ano não é mais viável. Para chegar a esse patamar, o crescimento deveria ser de 0,7% a 0,8%, nos três primeiros meses do ano”, disse Marcelo Ávila, economista da CNI. Segundo ele, o relatório da CNI com a revisão das projeções será divulgado em julho e trará o diagnóstico sobre os motivos da queda na previsão do crescimento.

Hoje (5), a CNI divulgou que a atividade industrial iniciou o segundo trimestre em queda. Os indicadores dessazonalizados mais diretamente ligados à produção registraram retração em abril ante o mês de março. As horas trabalhadas, por exemplo, caíram 0,6%. A utilização da capacidade instalada da indústria diminuiu 0,5 ponto percentual, passando de 81,5% para 81%. É o pior resultado desde fevereiro de 2010, quando foram registrados 80,8%.

Na avaliação de Marcelo Ávila, a indústria nacional não consegue competir ainda com os produtos importados mesmo após a desvalorização do real ante o dólar porque existem outras questões que precisam ser resolvidas, como o alto custo da energia elétrica e da folha de salários. Ele também avalia que a infraestrutura no país ainda é deficitária.

“É preciso uma melhor infraestrutura tanto no escoamento de produção, quanto de logística, para que a indústria possa fazer chegar seus produtos aos interessados, de forma melhor e mais barata”, defendeu. Ávila também pede estímulos para a redução do custo do investimento e para aumentar a produtividade no setor.

O economista acredita que se não fossem as recentes medidas adotadas pelo governo para tentar estimular a economia, o cenário seria ainda pior. Mas critica que são iniciativas voltadas apenas para o consumo, que tem se mostrado em crescimento. Para ele, o problema é fazer com que o consumo seja direcionado para a indústria nacional. “Uma vez que esse consumo não seja só direcionado para as importações e seja direcionado para a indústria brasileira, aí, sim, o impacto positivo na indústria será melhor”, disse.

Ele lembra que a crise mundial está longe de terminar e o cenário ainda é de bastante incerteza. Na avaliação que fez após divulgar os indicadores industriais de abril, Ávila constatou que a recuperação da indústria será lenta, mas previu que a partir do terceiro trimestre poderá haver alguma melhora, com o setor “crescendo alguma coisa neste ano”.

Ele disse que as medidas do Plano Brasil Maior podem, de alguma forma, melhorar as atividades do setor industrial, mas voltou a defender medidas de longo prazo que não estimulem só o consumo. Sobre a política de redução de juros do Banco Central, o economista da CNI acredita que é uma estratégia positiva porque irá permitir o aumento dos investimentos, que caíram bastante no primeiro trimestre do ano. “O fato de ter o barateamento dos investimentos já é uma boa notícia. O que precisa ocorrer é que a demanda em crescimento no Brasil seja mais direcionada para dentro do país e, aí, sim, o empresário terá mais estímulos para investir na produção.”

Edição: Lana Cristina