Moradores de comunidade carioca aproveitam inauguração e reclamam de casas do PAC

11/05/2012 - 19h45

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Reclamação de moradores contra a precária infraestrutura de conjunto habitacional no Complexo do Alemão, zona norte da cidade, marcou hoje (11) a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro do Adeus. Proprietários das casas, construídas por intermédio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), também denunciaram cobrança abusiva de luz e água.

Obras do PAC na área habitacional têm sido criticadas pela qualidade do acabamento e por problemas de infraestrutura em outros bairros do Rio de Janeiro. No caso do conjunto no Complexo do Alemão, assim que terminou a inauguração da 22ª UPP do Rio, depois que o governador Sérgio Cabral deixou o local sem dar entrevistas, os moradores do Condomínio Jardim Itaoca abordaram os jornalistas.

Entre as denúncias apresentadas à imprensa sobre a situação dos prédios, inaugurados a partir de 2010, estão a existência de rachaduras, vazamento e entupimento da rede de esgoto. Também mostraram contas de água que chegam a R$ 26.400.

De acordo com a síndica do prédio 5B, Maria Amélia Romão, o Consórcio Rio Melhor, liderada pela construtora Odebrecht, e a Empresa de Obras Públicas (Emop) deveriam fazer a manutenção dos prédios por cinco anos, mas ignoram o direito dos moradores.

"Aqui a situação está cada vez pior", reclamou. "Tem todo tipo de problema e ninguém vem resolver. Fazem a gente de [bola de] pingue-pongue", completou, referindo-se à Emop, que prometeu um técnico para avaliar as condições do condomínio.

A cobrança por água e luz também preocupa quem mora no Itaoca. Famílias mostraram contas de água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) com valores acima de R$ 1 mil.  No caso da dona de casa, Elizabeth da Costa Nicolaudo, do bloco 4B, a cobrança é R$ 26.400. Quando se mudou para o apartamento, o valor médio era R$ 15.

"O problema é que para resolver, pedem,  primeiro, para pagar a conta. Mas como vou pagar um valor desse?", reclamou a dona de casa. A empresa estadual disse que mandará um engenheiro para checar se há algum tipo de vazamento no local .

Moradora do bloco 4A, Raniele Batista também apresentou contas da Light com valores entre R$ 100 e R$ 300. Segundo ela, que é cadastrada para pagar a tarifa social, também é preciso pagar para tentar uma negociação com a empresa - que não se pronunciou sobre a cobrança.  "Tem muita gente aqui na mesma situação", afirmou a dona de casa, mãe de seis filhos.

De acordo com as famílias que têm imóveis no condomínio, apesar dos problemas estruturais nos prédios, a UPP na porta de casa é vista com bons olhos. A expectativa é que os casos de roubos aos apartamentos diminuam.

"Arrombaram minha casa aqui de madrugada, outro dia. Entraram e levaram aparelho de telefone fixo e o celular. [Para se defender] minha filha se trancou no quarto com o irmão. Sabe Deus se não podia ter acontecido algo pior", contou Fátima Santana.

Edição: Davi Oliveira